“Há muito tempo, sim, não te escrevo.
Ficaram velhas todas as notícias.
Eu mesmo envelheci. Olha, em relevo,
estes sinais em mim, não das carícias
(tão leves) que fazias no meu rosto:
são golpes, são espinhos, são lembranças
da vida a teu caminho, que ao sol-posto
perde a sabedoria das crianças.
A falta que me fazes não é tanto
à hora de dormir, quando dizias
‘Deus te abençoe’, e a noite abria em sonho.
É quando, ao despertar, revejo a um canto
a noite acumulada de meus dias,
e sinto que estou vivo, e que não sonho.”
Carta, poema de Carlos Drummond de Andrade
Publicado
quinta-feira, 6 de junho de 2013 às 9:28 pm e categorizado como Blog.
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Ô, infância, onde estás que não respondes?
“Há muito tempo, sim, não te escrevo.
Ficaram velhas todas as notícias.
Eu mesmo envelheci. Olha, em relevo,
estes sinais em mim, não das carícias
(tão leves) que fazias no meu rosto:
são golpes, são espinhos, são lembranças
da vida a teu caminho, que ao sol-posto
perde a sabedoria das crianças.
A falta que me fazes não é tanto
à hora de dormir, quando dizias
‘Deus te abençoe’, e a noite abria em sonho.
É quando, ao despertar, revejo a um canto
a noite acumulada de meus dias,
e sinto que estou vivo, e que não sonho.”
Carta, poema de Carlos Drummond de Andrade
Publicado quinta-feira, 6 de junho de 2013 às 9:28 pm e categorizado como Blog. Você pode deixar um comentário, ou fazer um trackback a partir do seu site.