A história de um falso acaso
Já virou hábito. Todos os dias, quando acordo, olho para a esquerda e verifico se a fotografia continua lá, presa à parede branca, entre molduras de metal e sob um vidro levemente fosco. Na verdade, não verifico coisa nenhuma. Sei que o quadro estará sempre ali, intacto e junto da ampla janela que ilumina o pequeno dormitório. Mesmo assim, repito com perseverança o ato de observá-lo pela manhã, como um vigia inútil ou um pastor que teima em zelar por ovelhas incapazes de fugir. Não se trata de mania nem superstição. É realmente um hábito, que adquiri quase sem notar.
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