Paulo José: Dentro do "Parkinson de diversões"

O ator Paulo José – protagonista do filme Quincas Berro D’Água, que estreia em maio, e personagem da peça Um Navio no Espaço ou Ana Cristina Cesar – enfrenta o Parkinson há 17 anos. Embora ele aborde o assunto de maneira bem-humorada, a doença lhe impõe uma dura rotina de exercícios e terapias, faz com que tome remédios seis vezes ao dia e exige que se reinvente profissionalmente

Qualquer observador atento perceberá que existem duas espécies de colecionadores no mundo: os convictos e os acidentais. Os primeiros acumulam coisas voluntariamente, com método e perseverança. Os outros apenas cedem à vontade dos objetos, que parecem se agrupar por decisão própria. Paulo José Gómez de Souza é um colecionador acidental de chapéus. Possui diversos, que se espalham anarquicamente pela casa ampla e agradável onde mora, no Alto da Gávea, um dos bairros mais nobres da zona sul carioca. O ator não consegue precisar como os intrusos brotaram por lá. Mesmo assim, tolera a presença deles e os usa com relativa constância.
Naquela manhã de fevereiro, às vésperas do Carnaval, trajava-se de maneira ambígua quando nos atendeu em um salão arejado da casa. A bermuda simples, a camiseta lisa e as sandálias Birkenstock, bastante gastas, lhe conferiam um aspecto corriqueiro. No entanto, o chapéu-coco preto que ostentava sobre a cabeça o deixava caricato e excêntrico, à semelhança de um Carlitos tropical. Conversa vai, conversa vem, Paulo José se afastou ligeiro do salão e retornou com um chapéu diferente, amarronzado.
– Como se chama?, perguntei, enquanto apontava o acessório.
– Chama-se cha-péu, respondeu o ator, destacando as sílabas.
– Não, não. Quero saber de que tipo é? Chapéu de dois bicos, chapéu-chile, chapéu borsalino…
– Ah, claro. É do tipo velho. Chapéu velho.
Quem conhece o artista de perto logo se habitua com tiradas do gênero. Ele as solta de repente, em ocasiões que prenunciam tudo, menos um gracejo. São troças invariavelmente concisas, ora tolas, meio infantis, ora sofisticadas, eruditas. O ator sempre as dispara sem abandonar a fleuma – conserva-se aprumado e imperturbável como um duque. No máximo, esboça um leve sorriso, de tal modo que o interlocutor às vezes duvida se está realmente ouvindo uma gozação.
– Você faz análise, Paulo?
– Não, agora faço síntese…
Bobo alegre
Com 73 anos de idade e 61 de carreira, o gaúcho de Lavras do Sul, descendente de espanhóis e portugueses, enfrenta há 17 o Parkinson, distúrbio crônico, progressivo, degenerativo e incurável que afeta o sistema nervoso central. A doença, apesar de grave, nunca lhe roubou o viés espirituoso. Pelo contrário: o ator gosta de ridicularizá-la em público. Costumava declarar, por exemplo, que vive num “Parkinson de diversões”. “Sou quase um bobo alegre”, define-se. “Ganhei da natureza – ou dos deuses, da sorte, do caos – bem mais do que imaginava. Exerço uma profissão maravilhosa, gozo de boas condições financeiras, me cerquei de amigos excelentes e construí uma família bacana. Não posso reclamar de nada, compreende? Por isso, procuro disseminar a ideia de que, mesmo com a saúde frágil, toco o barco e preservo o alto astral. Só que me arrependi daquela história de ‘Parkinson de diversões’. Acho que escolhi mal a expressão. Perdi o timing da piada…”
Em razão da brincadeira, uma parte da mídia começou a alardear que Paulo “tira a doença de letra” – clichê reforçado pelo fato de que o artista continua muitíssimo produtivo, sem se acomodar às glórias passadas. Seja como ator, seja como diretor, ele participou de momentos importantes da dramaturgia brasileira. Integrou o revolucionário Teatro de Arena durante a década de 1960, protagonizou filmes tão memoráveis quanto O Padre e a Moça, Todas as Mulheres do Mundo e Macunaíma, incorporou personagens de peso em inúmeras telenovelas (o alcoólatra Orestes, de Por Amor, figura entre os mais notórios) e implantou o inovador programa Você Decide na Rede Globo.
Já teria, portanto, motivos de sobra para sossegar. Mas não sossega: em maio, irá inaugurar a turnê nacional de Um Navio no Espaço ou Ana Cristina Cesar, peça em que assina a direção e interpreta a si próprio. Quando passou pelo Oi Futuro Ipanema, centro cultural do Rio de Janeiro que ocupa o prédio art déco de uma antiga telefônica, o espetáculo arrancou elogios dos críticos, incluindo a rigorosa Barbara Heliodora (“deleitável”, “encantador”, “ótimo”). Igualmente em maio, Paulo aparecerá na adaptação cinematográfica do romance A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água, escrito por Jorge Amado. O baiano Sérgio Machado dirigiu o longa. Não bastasse, desde o início de março, o ator frequenta o set do filme O Palhaço, em que assume dois papéis, desta vez sob a batuta de Selton Mello.
“Pouco depois de criar o termo ‘Parkinson de diversões’, recebi o e-mail de uma senhora”, conta Paulo. “Ela é mulher de um portador do distúrbio, se não me engano, e mandou um recado gentil, ainda que categórico – algo na linha: ‘Você não devia zombar de um problema tão sério. Reflita melhor. O Parkinson não diverte ninguém’. Aquilo me alertou. Pensei nos milhares de pacientes que não dispõem de grana para se cuidar direito. Um negócio cruel… Lógico que não desejo me queixar ou posar de coitadinho. Mas, por outro lado, não convém fingir que se trata de um mar de rosas.”
O Parkinson, na verdade, requer do ator uma rotina pesada de exercícios e terapias, lhe restringe a dieta e obriga que tome remédios com uma assiduidade enlouquecedora. Impôs, ainda, que fizesse uma cirurgia delicada em 2007. Graças à operação, o artista introduziu uma espécie de marca-passo no cérebro. “Fiquei biônico, cara.” A doença também exige que se reinvente como intérprete e já lhe causou transtornos profissionais constrangedores.
A atriz Ana Kutner, segunda dos quatro filhos de Paulo, recorre à linguagem teatral para descrever a situação do pai, com quem divide o palco em Um Navio no Espaço: “Não é drama. É tragédia. O drama pede a adjetivação, o juízo de valor. A tragédia reivindica justo o oposto. Por se revelar inexorável, dispensa os adjetivos e se torna mais substantiva. As coisas, no âmbito trágico, simplesmente são. Não há heróis ou bandidos, não há vítimas ou culpados. Há apenas o ser humano e o livre-arbítrio, o homem diante da premência de resolver como lidar com um obstáculo muito concreto e irreversível que lhe atravessou o caminho.”
Mãos voadoras
Identificado em 1817 por um médico britânico, James Parkinson, o distúrbio que acomete o ator se caracteriza pela degradação de neurônios localizados numa área diminuta do cérebro. A região, batizada de substância nigra, mede somente 20 milímetros quadrados. Ali se encontram cerca de 100 mil neurônios (no total, temos 86 bilhões). A atrofia daquelas células coibe drasticamente a produção de um neurotransmissor, a dopamina, molécula que transporta impulsos ao longo do sistema nervoso central. E a falta de dopamina provoca vários sintomas motores: rigidez da musculatura de todo o corpo, lentidão dos gestos, perda dos movimentos automáticos, tremedeira, alteração da postura.
Com um olho na ciência e outro na galhofa, Paulo relata o que acontece: “Primeiro, o cidadão queima a mufa, a cachola. Bate os pinos. Puf! Em seguida, vai se convertendo num camarada vagaroso e atabalhoado. Desequilibra-se, tropeça à toa, derruba as tralhas pelos cantos, suja a roupa quando está comendo manga, sente um grande embaraço para realizar atividades pequeninas, que exigem precisão – digitar, meter a linha dentro da agulha, abotoar camisas. Também se vê incapaz de ações espontâneas. Qualquer uma delas, erguer
o braço à procura de livros ou discos, levantar o pé numa escada, cruzar as pernas, depende de um pensamento, de uma mensagem consciente, mesmo que rápida. ‘Agora vou subir um degrau, agora vou me espreguiçar, agora vou saltar da cama’. Tudo pressupõe algum tipo de cálculo”.
Às dificuldades motoras, se juntam a insônia, a diminuição da memória imediata (“cadê a chave que acabei de pegar?”), a prisão de ventre e a urgência miccional (“uma sensação irritante – e falsa – de que é necessário urinar”).
A medicina desconhece até hoje as causas exatas do Parkinson, que atinge entre 1% e 2% da população mundial acima dos 65 anos, excetuando os habitantes da África negra, onde a taxa se mostra inferior. Sabe-se apenas que fatores genéticos ou ambientais, como a contaminação pelo manganês, podem despertá-lo. Para arrefecer a fúria da doença, os neurologistas receitam uma série de medicamentos. O principal é a levodopa, que se transforma em dopamina no organismo. Ocorre que, com o tempo, as drogas geram efeitos colaterais perturbadores: alucinações, crises fóbicas, angústia e a eclosão de movimentos involuntários. “O sujeito vira um boneco amalucado”, compara Paulo. “As mãos voam, o pescoço se contorce e o tronco balança à revelia do dono.”
Em maio de 2007, o ator amargou um episódio desconcertante por conta dos movimentos involuntários. Preparava-se para dar uma entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura, e não achava jeito de aplacar a ansiedade. Receava que os sintomas do Parkinson, especialmente a tremedeira, surgissem em rede nacional. Na esperança de domá-los, ingeriu uma dose extra de levodopa. Foi pior. Enquanto o artista respondia as questões dos entrevistadores, os efeitos adversos do remédio o assaltaram e os gestos descontrolados explodiram. Paulo sentou-se sobre as mãos voadoras para tentar conter a tormenta. Não funcionou: o resto do corpo teimava em desacatá-lo. “Me chateei demais com aquilo…”
Caso os efeitos hostis das medicações recrudesçam a ponto de o doente já não os suportar, há a possibilidade de um recurso extremo – justamente o que o ator adotou em 2007, poucos meses após o Roda Viva. “Ele pôs um estimulador cerebral profundo”, afirma o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho, que o operou. O aparelho, como os marca-passos cardíacos, se compõe de uma bateria que emite sinais elétricos e que se conecta com um fio bem delgado. Em uma intervenção de cinco horas, instala-se o conjunto no paciente. “Levamos o fio para dentro do cérebro através de um discreto orifício craniano e o ligamos às zonas responsáveis pelos sintomas do Parkinson. Depois, acomodamos a bateria sob a pele, no tórax, abaixo da clavícula. Os sinais elétricos chegarão, assim, às áreas onde o fio se aloja e irão reprimir o desempenho delas, atenuando os sintomas.” Em decorrência, o doente vai reduzir a dosagem dos remédios, o que abrandará os efeitos colaterais.
O preço da cirurgia é alto: somente o estimulador custa R$ 100 mil. Por classificar a operação de experimental, o governo não cobre os gastos. Os convênios de saúde, com raras exceções, seguem trilha idêntica. “O doutor Niemeyer e a Globo, generosíssimos, assumiram as minhas despesas”, confidencia o artista, empregado da emissora desde 1969. Ele inseriu o equipamento no lado esquerdo do cérebro e pretende colocar outro no lado direito.
Bufões
Dezessete anos atrás, mal escutou o diagnóstico da doença, Paulo julgou que logo teria de se afastar definitivamente da profissão. No entanto, à medida que esquadrinhava as próprias mazelas, descobriu um fenômeno incrível: em cena, o distúrbio se revela bastante contornável. “O Parkinson desencadeia hiatos entre o pensamento e a palavra”, explica o artista. “No cotidiano, tais brancos linguísticos e apagões da memória imediata se manifestam sempre que me flagro em situações inesperadas. Só que, quando atuo, quase não me defronto com imprevistos, uma vez que ensaio obsessivamente os diálogos. Entende a mágica? Dentro do set ou do teatro, me distancio dos lapsos verbais e fico menos parkinsoniano. Do mesmo modo, a perda dos movimentos automáticos que a doença acarreta praticamente desaparece no palco. Afinal, lá também existem poucas atitudes espontâneas. A maioria das ações obedece à marcação do diretor.”
Um punhado de artimanhas contribui para que o ator iniba ainda mais o Parkinson diante das plateias. Por exemplo: sob os holofotes, geralmente busca um ponto de apoio, uma superfície em que possa repousar os braços ou se encostar. Com um truque tão banal, alivia a rigidez da musculatura e ganha equilíbrio. Se uma das mãos sobe sem rédeas rumo à cabeça, Paulo trata de completar o gesto e coça o nariz ou a orelha. Assim, o ato que nasceu involuntário se torna voluntário. Outra precaução é não encarar papéis de tons prioritariamente realistas. “A movimentação de um parkinsoniano combina melhor com personagens estranhos, bizarros, que rejeitem o naturalismo – bufões, doidos, bêbados.”
Plácido Domingo
Como um guru de autoajuda às avessas, o artista apregoa que não adianta planejar nada porque tudo vai dar errado. “Tudo, absolutamente tudo! O universo não se curva às nossas vontades…” Por ironia, o mantra niilista destoa da rígida disciplina que Paulo exibe no combate à doença. A cirurgia de 2007 lhe proporcionou benefícios inegáveis, mas não o livrou de um tratamento dispendioso e árduo.
Seis vezes por dia, de três em três horas, o ator lança mão de um coquetel que associa até cinco drogas diferentes. Começa o ritual às oito da manhã e só o interrompe às onze da noite. Toma a primeira dose em jejum e precisa ingerir as demais uma hora antes ou uma hora depois de se alimentar. As refeições, porém, devem conter baixa quantidade de proteína. Do contrário, interferem na eficácia dos medicamentos. O consumo desregulado de álcool ocasiona o mesmo dano.
Absorvido por incontáveis atribuições, Paulo não conseguia gerenciar demandas tão espartanas. “Notei os percalços dele e resolvi colaborar”, recorda Mírian Cavour, única funcionária da Malagueta, empresa que administra os projetos do artista. “Já que trabalhamos frequentemente juntos, indaguei se podia supervisionar os horários dos remédios.” De início, o ator hesitou: não queria sobrecarregar Mírian. Mas, com o passar dos meses, acabou concordando. “Banco o anjo da guarda numa boa”, garante a funcionária. “O Paulo merece.” Quando não está por perto, Mírian delega os cuidados para terceiros, de maneira que sempre haja alguém vigiando o relógio.
Todas as semanas, na casa do Alto da Gávea, o artista faz uma ou duas sessões de fisioterapia e três ou quatro de ginástica. A meta é restabelecer a flexibilidade, o equilíbrio e a força muscular que o Parkinson arrebata. “Buscamos ainda suavizar as dores trazidas pelo excesso de movimentos involuntários, que desgastou as articulações e tendões do ombro direito de Paulo”, esclarece a fisioterapeuta Mariana Pereira Santos.
Fã de Sigmund Freud, o ator se submeteu à psicanálise durante 12 anos. “Visto a camisa do barbudinho sem grilo nenhum”, confessa, irônico, após sacar do armário uma t-shirt com a foto do médico austríaco. Sob o retrato, um aviso: I know what you think (Eu sei o que você pensa). De uns tempos para cá, entretanto, o artista substituiu o divã pela bioenergética, corrente que une a abordagem verbal psicanalítica às técnicas corporais desenvolvidas por Wilhelm Reich. “A doença me enfraquece muito emocionalmente”, lamenta. “Fico hipersuscetível às notícias ruins, às besteirinhas cotidianas. Basta uma fagulha e pronto: me transformo num menino desprotegido.” A bioenergética lhe oferece alternativas para driblar as oscilações de humor. “Meu terapeuta também bate na tecla de que necessito ser o mais indep
endente possível. Recomenda que não me entregue às limitações motoras, que não deixe de realizar coisas básicas sozinho. ‘Evite pedir auxílio para se trocar, ande sem se escorar em ninguém, não desista da ginástica’, ordena.”
A maratona semanal de Paulo no Alto da Gávea inclui outras duas aulas de voz, ministradas por Célio Rentroya, que já preparou o elenco de peças como Woyzeck, o Brasileiro, com Matheus Nachtergaele, e A Alma Imoral, com Clarice Niskier. “O Parkinson compromete severamente o aparelho fonador. Endurece os músculos da laringe, da boca, da face e da caixa respiratória, além de alterar a percepção que o paciente tem da própria dicção”, enumera o professor. Em consequência, a potência vocal diminui, o ritmo da fala acelera e o rosto se torna apático, sem mobilidade. Dispensável realçar o quanto tais prejuízos sabotam o trabalho de quem vive do palco.
Os exercícios orais que o ator repete sob os arpejos de um piano ou num estúdio caseiro de som objetivam não apenas alongar, relaxar e fortalecer a musculatura enrijecida como resguardar o controle da articulação verbal. “Irrequieto e absurdamente criativo, Paulo prefere o lúdico à sisudez”, ressalta Célio. “Ele sempre inventa algo curioso para fugir do tédio durante as aulas.”
De fato: assistir à dinâmica entre o aluno e o professor é uma experiência engraçada. O artista desfila um arsenal de caretas, imita celebridades e pronuncia montes de “lalelilolu” ou “badebidebadebideba” à moda de um canastrão dramático. O ápice do “espetáculo” acontece quando Paulo, treinando a emissão do canto lírico, entoa o samba Desafinado com a ênfase (e o portunhol) de um tresloucado Plácido Domingo, o tenor madrilenho:
“Se usted insiste em calificar
Mi comportamento de antimusical
Yo mismo mentindo devo argumentar
Que eso és Bossa Nueva, eso és mucho natural”
O ator ainda utiliza a aula para se aproximar de Puro Sangue, o palhaço que interpretará no filme de Selton Mello. Encaixa os sapatões do clown nas mãos e improvisa uma dança com os calçados sobre o piano enquanto cantarola um outro exercício: “Bombombombooom!”.
Toda vez que aceita um papel, o artista age assim – concebe o personagem gradativamente, em meio às tarefas costumeiras. “Dia desses, comprou uns anéis, um óculos de sol e uns colares dourados, misturou os adereços às roupas habituais e saiu pelas ruas. Foi à padaria, tomou um cafezinho, papeou com os conhecidos. Tateava a indumentária de Valdemar, o cigano que também representará no longa do Selton”, relembra a figurinista Kika Lopes, mulher de Paulo.
“O padre Antonio Vieira escreveu um troço que me comove à beça”, diz o ator. “É mais ou menos o seguinte: ‘Aqueles a quem Deus fez mudos, os fez igualmente surdos porque, caso ouvissem e não pudessem falar, arrebentariam de dor’. Eu ouço. Então, preciso falar. Daí o meu empenho em resistir às imposições do Parkinson. Terapias, ginástica, remédios, aulas, nada me incomoda tanto se receber como contrapartida a graça de permanecer ativo, de continuar me expressando.”
Admirador de Vieira, mas alheio às crenças religiosas, Paulo não enxerga razões metafísicas para a doença. Desígnio dos céus? Castigo? Uma bênção travestida de sofrimento? “Nenhuma das opções”, defende o artista. “A resposta, feliz ou infelizmente, está no acaso.”
(revista Bravo!)

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