Sim, Senhor ou sem Senhor?

“Eis a minha confissão, reverendo. (…) Eu não acredito em Deus. Será que você consegue entender isso? Olhe à sua volta, cara. Você não enxerga o sofrimento e o desespero? Justiça? Fraternidade? Vida eterna? Se houvesse uma religião que preparasse uma pessoa para a morte e para o nada, era ela que eu gostaria de frequentar. A sua prepara apenas para os sonhos, ilusões e mentiras. Se você pudesse tirar o medo da morte do coração dos homens, toda humanidade iria se matar. Quem deseja viver esse pesadelo a não ser pelo medo do futuro? Todo caminho termina em morte. Toda amizade. Todo amor. Tudo acaba em tormento, traição, perda, sofrimento, dor, velhice, indignidade, doença prolongada… Tudo termina tanto para você, como para cada pessoa que você resolve ajudar.É isso que temos em comum, é isso que nos aproxima. Esta é a verdadeira fraternidade. Você diz que o próximo é a minha salvação? Pois ele que se dane. Se me vejo nele? Me vejo, sim. E o que vejo me enoja. Entende? Você é capaz de me entender?”

Fala do personagem White na peça O Expresso do Pôr-do-Sol, de Cormack McCarthy

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