Um por todos e todos por um?

“Gosto da Eurocopa. O futebol é um pormenor. As minhas razões são políticas. Gosto da Eurocopa porque ela é a expressão tangível (e bem ruidosa) da diversidade nacional europeia que nenhuma construção federal será capaz de suprimir. (…) As rivalidades que o torneio oferece não são apenas explicadas por crises econômicas momentâneas. Existem também memórias históricas que persistem em retornar à superfície. Jogos como Polônia x Rússia ou França x Inglaterra são evocações fantasmagóricas de lutas seculares que deixaram a sua pegada arqueológica. Quando essas equipes se voltarem a enfrentar na Eurocopa, não será apenas de futebol que a mídia irá falar. Que lições ensina a competição? Uma lição simples: nos Estados Unidos, os New York Yankees podem ter uma rivalidade conhecida com os Boston Red Sox. Mas, quando a hora do jogo se aproxima, o estádio enche-se de americanos, não de new yorkers ou de bostonians. E todos eles cantam o único hino que interessa – o hino de um país, forjado com o sangue da Guerra Civil. Na Europa, não existe um único país; nem sequer, como pretendem os federalistas, diferentes ‘regiões’ que podem fazer parte de um super Estado com capital em Bruxelas.”

Trecho do artigo Eurocopa & eurocrises, de João Pereira Coutinho

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