Infelicidade rima mesmo com criatividade?

“À semelhança do meu personagem, também sou do tipo que começa a comer quando fica estressado. Se as coisas saem mal ou se tornam meio complicadas, agarro logo um pacote de batatas fritas ou um saco de pipocas e devoro. Minha mãe me ensinou esse truque de automedicação há anos e continuo usando-o até hoje. Quando aparecem as dúvidas: batatas fritas. Alguns contratempos pessoais e profissionais me levaram de volta à despensa e aos velhos hábitos. Já não me lembro da última vez que fiz exercícios. E, caso lhe interesse, voltei a usar aquelas calças velhas e largas. Ah, sim, e também escrevi algumas peças novas. Uma delas com o atraente título de Fat Pig. Não, não estou dizendo que a criatividade esteja necessariamente ligada à infelicidade, mas me lembro de ter lido, com espanto e respeito, as histórias sobre Eugene O’Neill gritando atrás das portas e arrancando os cabelos enquanto escrevia Longa Jornada Noite Adentro. Não aconteceu nada parecido por aqui, claro, mas se você prestar atenção certamente poderá ouvir o crack-crack dos biscoitos que ingeri enquanto escrevia alguns dos meus melhores trabalhos.”

Do dramaturgo norte-americano Neil Labute, autor da peça Gorda

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