Sociedade do espetáculo ou da vergonha alheia?

“Fazia tempo que eu não ria tanto como na semana passada, quando assisti ao vídeo do discurso de Janaína Paschoal, a musa do impeachment, na Faculdade de Direito da USP. O vídeo  circulou pela internet em mais de uma versão. Preferi a original, nua e crua, à versão cover do Iron Maiden, na qual Janaína também se sai muito bem. Soube que algumas feministas ficaram indignadas com o escárnio público, como se as piadas provocadas pelo vídeo (parece que também houve agressões infelizes e sem humor, o que costuma ser regra na internet e é sempre lamentável) fossem dirigidas às mulheres em geral e não a Janaína em particular. Ao contrário dessas feministas, fiquei feliz de não ter nada a ver com ela. Na verdade, fiquei eufórico. O riso (provocado pela performance e não pelas piadas) se misturou com a felicidade de enfim ter certeza, depois de tantos motivos para dúvida nas últimas semanas, de que estou no campo certo. A performance de Janaína é consequência de uma sociedade midiática, de exposição absoluta, que desnorteia os indivíduos entre BBBs, Facebook e o mundo das celebridades. Ninguém vê, por exemplo, obscenidade alguma em a mulher de um juiz em princípio sério e idôneo, que faz um trabalho importante contra a corrupção no país, abrir uma página no Facebook com o título ‘Moro com ele’ (trocadilho com o nome do marido), para agradecer o apoio e as centenas de milhares de mensagens de carinho da população. Se ninguém vê, não sou eu que vou explicar.”

Trecho do artigo Janaína é uma bola, de  Bernardo Carvalho

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