O inimigo em nós

– Sempre imaginei que me casaria e teria filhos. Mas estou à beira dos 50 e não aconteceu nem uma coisa, nem outra.
– Você se sente mal por causa disso?
– Na maioria das vezes, não. Me sinto livre, leve e solta. É muito bom mandar no próprio nariz. Além do mais, sei que não conseguiria educar uma criança. Me faltam a generosidade e a energia necessárias. Mesmo assim, em certas ocasiões, rola uma cobrança. Um grilo falante toma as rédeas dos meus pensamentos e me azucrina com aquelas perguntas clichês: “Vai passar a vida girando apenas em torno de si? Quem cuidará de você na velhice? Mulheres que não conheceram a maternidade morrerão  incompletas”.
–  E você, como reage?
– Penso rapidinho em minha analista: “Trate logo de espantar as caraminholas, madame! Não passam de intrigas daquela que você imaginava ser. Ela está com inveja de quem você realmente é”.

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