A comédia dos erros

“Era a primeira vez do tio Abraão no Rio de Janeiro. No aeroporto de Santa Catarina, os parentes o alertaram:
— Os taxistas lá são folgados. Seja firme. Fale grosso. Mostre quem está no comando.
Tio Abraão era enorme, usava barba comprida, camisa aberta até o umbigo. Não acreditava que corresse perigo. Por via das dúvidas, quando chegou a hora, abriu a porta do carro, sentou atrás do motorista, puxou a porta com força e ordenou:
— Toca pro Flamengo!
O motorista respondeu um ‘sim, senhor’ que deixou tio Abraão satisfeito, mas também com remorso – talvez tivesse exagerado. Só algumas quadras adiante percebeu que o motorista estava tremendo e, ao menos no painel, não havia taxímetro. O motorista agora estava quase chorando. Tio Abraão fez a pergunta absurda:
— Isso não é um táxi?
Ao que o outro respondeu:
— Isso não é um assalto?”

Perigo, crônica de Fabrício Corsaletti

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