O que esperar de uma corporação que tem nome de selva?
“Na Amazon, os trabalhadores são encorajados a destruir as ideias uns dos outros em reuniões, a trabalhar muito e até tarde (e-mails chegam depois da meia-noite, seguidos por mensagens perguntando por que eles ainda não foram respondidos). E se veem submetidos a padrões que a companhia se vangloria de serem ‘absurdamente altos’. A lista interna de telefones instrui colegas sobre como transmitir informações secretamente aos chefes uns dos outros. Empregados da companhia dizem que esse recurso é frequentemente usado para sabotar colegas. A ferramenta oferece exemplos de mensagens, como: ‘a inflexibilidade dele me preocupa, assim como suas queixas escancaradas sobre tarefas menores’.
Enquanto a empresa testa entregas por drones (aeronaves de pilotagem remota) e maneiras de reabastecer o papel higiênico de um banheiro com o simples apertar de um botão, ela está conduzindo uma experiência pouco conhecida sobre até onde pode pressionar seus quadros executivos e redefinindo as fronteiras do que é aceitável. A companhia, fundada e ainda dirigida por Jeff Bezos, rejeita muitas das platitudes de gestão que outras empresas ao menos fingem respeitar e, em lugar disso, criou o que muitos de seus funcionários definem como uma complicada máquina cuja função é levá-los a realizar as ambições cada vez mais amplas de Bezos. Muitos dos novatos que chegam para sua primeira segunda-feira podem não ser encontrados na empresa poucos anos mais tarde. Os vencedores na Amazon (…) acumulam pequenas fortunas com as ações da companhia, em constante alta, que recebem como prêmio. Os perdedores deixam a empresa ou são demitidos em rodadas anuais de limpeza de quadros — ‘darwinismo propositado’, como diz uma antiga diretora de recursos humanos da Amazon. Alguns trabalhadores que enfrentaram cânceres, abortos involuntários e outras crises pessoais dizem ter sido tratados injustamente ou forçados a sair antes que tivessem tempo de se recuperar.
‘Essa é uma companhia que se esforça por realizar coisas grandes, inovadoras e históricas, e realizá-las não é fácil’, diz Susan Harker, importante executiva de recrutamento de pessoal da Amazon. ‘Quando você está tentando ir muito longe, a natureza do trabalho é realmente desafiadora. Para algumas pessoas, a experiência não dá certo.’ Bo Olson foi uma dessas pessoas. Ele durou menos de dois anos no departamento de marketing de livros e disse que a imagem que perdura, de sua passagem pela companhia, é a de ver pessoas chorando no escritório — cena descrita também por outros funcionários. ‘Você sai de uma sala de reuniões e vê um homem adulto escondendo o rosto’, ele disse. ‘Vi quase todas as pessoas com quem trabalhei chorando em suas mesas.'”
Trecho de Amazon encoraja funcionários a destruir ideias de colegas, reportagem de Jodi Kantor e David Streitfeld para o New York Times
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quarta-feira, 19 de agosto de 2015 às 11:40 am e categorizado como Blog.
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O que esperar de uma corporação que tem nome de selva?
“Na Amazon, os trabalhadores são encorajados a destruir as ideias uns dos outros em reuniões, a trabalhar muito e até tarde (e-mails chegam depois da meia-noite, seguidos por mensagens perguntando por que eles ainda não foram respondidos). E se veem submetidos a padrões que a companhia se vangloria de serem ‘absurdamente altos’. A lista interna de telefones instrui colegas sobre como transmitir informações secretamente aos chefes uns dos outros. Empregados da companhia dizem que esse recurso é frequentemente usado para sabotar colegas. A ferramenta oferece exemplos de mensagens, como: ‘a inflexibilidade dele me preocupa, assim como suas queixas escancaradas sobre tarefas menores’.
Enquanto a empresa testa entregas por drones (aeronaves de pilotagem remota) e maneiras de reabastecer o papel higiênico de um banheiro com o simples apertar de um botão, ela está conduzindo uma experiência pouco conhecida sobre até onde pode pressionar seus quadros executivos e redefinindo as fronteiras do que é aceitável. A companhia, fundada e ainda dirigida por Jeff Bezos, rejeita muitas das platitudes de gestão que outras empresas ao menos fingem respeitar e, em lugar disso, criou o que muitos de seus funcionários definem como uma complicada máquina cuja função é levá-los a realizar as ambições cada vez mais amplas de Bezos. Muitos dos novatos que chegam para sua primeira segunda-feira podem não ser encontrados na empresa poucos anos mais tarde. Os vencedores na Amazon (…) acumulam pequenas fortunas com as ações da companhia, em constante alta, que recebem como prêmio. Os perdedores deixam a empresa ou são demitidos em rodadas anuais de limpeza de quadros — ‘darwinismo propositado’, como diz uma antiga diretora de recursos humanos da Amazon. Alguns trabalhadores que enfrentaram cânceres, abortos involuntários e outras crises pessoais dizem ter sido tratados injustamente ou forçados a sair antes que tivessem tempo de se recuperar.
‘Essa é uma companhia que se esforça por realizar coisas grandes, inovadoras e históricas, e realizá-las não é fácil’, diz Susan Harker, importante executiva de recrutamento de pessoal da Amazon. ‘Quando você está tentando ir muito longe, a natureza do trabalho é realmente desafiadora. Para algumas pessoas, a experiência não dá certo.’ Bo Olson foi uma dessas pessoas. Ele durou menos de dois anos no departamento de marketing de livros e disse que a imagem que perdura, de sua passagem pela companhia, é a de ver pessoas chorando no escritório — cena descrita também por outros funcionários. ‘Você sai de uma sala de reuniões e vê um homem adulto escondendo o rosto’, ele disse. ‘Vi quase todas as pessoas com quem trabalhei chorando em suas mesas.'”
Trecho de Amazon encoraja funcionários a destruir ideias de colegas, reportagem de Jodi Kantor e David Streitfeld para o New York Times
Publicado quarta-feira, 19 de agosto de 2015 às 11:40 am e categorizado como Blog. Você pode deixar um comentário, ou fazer um trackback a partir do seu site.