A desconexão dos conectados

O jovem de 20 e poucos anos escarafunchava minuciosamente o celular em plena Faria Lima, uma das movimentadíssimas avenidas de São Paulo. Usava fone nos ouvidos e, de costas para uma garagem, não percebeu quando um carro se aproximou com a intenção de sair. Mal avistou o rapaz que obstruía a passagem, o motorista parou e deu um leve toque na buzina. Não adiantou. O moço permaneceu imerso no smartphone, sem arredar pé de onde se encontrava. Intrigado, o motorista tocou novamente a buzina. O jovem, porém, continuou vasculhando a tela luminosa. Assim que a buzina soou pela terceira vez, o rapaz ajustou o fone. Um tanto confuso, julgou brotar dali o barulho que finalmente escutara. Em nenhum momento, fez menção de se virar para trás ou mesmo para os lados. Mantinha os olhos fixos no celular. O motorista, então, desceu do automóvel e pousou a mão direita sobre as costas do moço, tirando-o do prolongado transe. Sem jeito, o jovem coçou a cabeça, sorriu e prontamente abriu caminho. Foi quando o motorista me notou na calçada e disse: “Você acompanhou tudo, né? Como alguém pode estar tão longe estando tão perto?”

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