Trem da alegria voa?

“Alô? Renan? Bom dia, tudo bem? Tudo ótimo. Então, eu tava tentando ligar pra FAB agora pra saber itinerário, escala de voo, disponibilidade e tal, mas tá dando ocupado. Você sabe se tá com algum problema lá na central? Não, né? Bom, de qualquer forma, como hoje é segunda e o senhor não trabalha, achei que como profundo conhecedor da aviação brasileira o senhor pudesse me ajudar com isso. Ah, que ótimo. Então, eu tenho que fazer um show de stand-up na segunda à noite em São Paulo, mas é aniversário da minha irmã no Rio. Alice. Isso. Um amor ela. Então, aí eu tava querendo saber se tem como, se tem disponibilidade de voo. Dia cinco de setembro. Cai numa quinta. Isso. Oi? Não, helicóptero não dá porque é aniversário da babá do Sérgio e ele vai usar o dia inteiro. Dos filhos dele, né? Pois é. Vou até tentar dar uma passada lá também. O voo seria só de ida. Sim, seria só eu. Não, imagina, não me incomodo nem um pouco de dividir jatinho com o Henriquinho. Ele vai sozinho? Vai estar com uns amigos de Trancoso, claro, sem problema. E como é que eu faço então? Tá eu espero.
Dois minutos depois…
Oi, tô aqui. Pô, a musiquinha de espera ser a da Voz do Brasil é sacanagem, hein? Mas me fala, e aí? O sistema caiu. E agora, hein? Eu tava precisando confirmar isso hoje ainda pra me programar. Minha irmã tá me cobrando. Lá na FAB ainda tá dando ocupado. Um absurdo isso, né? Quer ter uma companhia aérea tem que respeitar os clientes.”

Trecho de Caos Aéreo, crônica de Fábio Porchat

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