Por que tanta dificuldade em aceitar que somos apenas mais um?
“Não há nada de especial em nós, mas a cultura nos faz sentir que há _assim como pais precisam fazer que seus filhos se sintam especiais, para ajudá-los a suportar e a conviver com a própria insignificância no contexto maior das coisas. Nesse sentido, crescer é sempre um jeito de anular aquilo que precisava ter sido feito; primeiro, idealmente, nos fazem sentir especiais; depois, espera-se que aproveitemos um mundo em que não o somos. Charles Darwin nos mostrou que tudo na vida é vulnerável, efêmero e sem nenhum projeto ou desígnio de Deus. Por isso, após Darwin, precisamos descobrir o que, além desse caráter especial, faz da nossa vida algo que valha a pena. Após Darwin, podemos dizer que as pessoas, quando percebem o quanto são acidentais, são tentadas a pensar em si como as escolhidas. É fato que temos essa tendência de nos considerar mais especiais nem que seja para nós mesmos, em nossas (imaginárias) vidas não vividas. Vale a pena, então, imaginar em que sentido a necessidade de ser especial nos impede de enxergar a nós mesmos _além da infalível transitoriedade de nossa vida; o que a necessidade de ser especial nos impede de ver.”
Trecho de O Que Você É e o Que Você Quer Ser, livro do psicoterapeuta britânico Adam Phillips
Publicado
segunda-feira, 8 de julho de 2013 às 12:56 pm e categorizado como Blog.
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Por que tanta dificuldade em aceitar que somos apenas mais um?
“Não há nada de especial em nós, mas a cultura nos faz sentir que há _assim como pais precisam fazer que seus filhos se sintam especiais, para ajudá-los a suportar e a conviver com a própria insignificância no contexto maior das coisas. Nesse sentido, crescer é sempre um jeito de anular aquilo que precisava ter sido feito; primeiro, idealmente, nos fazem sentir especiais; depois, espera-se que aproveitemos um mundo em que não o somos. Charles Darwin nos mostrou que tudo na vida é vulnerável, efêmero e sem nenhum projeto ou desígnio de Deus. Por isso, após Darwin, precisamos descobrir o que, além desse caráter especial, faz da nossa vida algo que valha a pena. Após Darwin, podemos dizer que as pessoas, quando percebem o quanto são acidentais, são tentadas a pensar em si como as escolhidas. É fato que temos essa tendência de nos considerar mais especiais nem que seja para nós mesmos, em nossas (imaginárias) vidas não vividas. Vale a pena, então, imaginar em que sentido a necessidade de ser especial nos impede de enxergar a nós mesmos _além da infalível transitoriedade de nossa vida; o que a necessidade de ser especial nos impede de ver.”
Trecho de O Que Você É e o Que Você Quer Ser, livro do psicoterapeuta britânico Adam Phillips
Publicado segunda-feira, 8 de julho de 2013 às 12:56 pm e categorizado como Blog. Você pode deixar um comentário, ou fazer um trackback a partir do seu site.