É possível que um passo à frente signifique dois para trás?
“Os que desconstruíram os valores tradicionais no século 20 pertenciam com frequência à esquerda. Na verdade, essa grande desconstrução serviu aos interesses do capitalismo. Explico: foi necessário que os boêmios, os jovens de cabelos longos, os libertários questionassem os valores e as autoridades tradicionais para que o capitalismo, ele também moderno e fadado à inovação pela inovação, pudesse fazer entrar nossos filhos na era do grande consumo de massa sem o qual seu futuro globalizado não teria sido possível. Eis uma verdade que vai crescer no século que está aí. Se nossos filhos tivessem os mesmos valores que nossos avós, eles não comprariam um telefone celular por ano. E se nossos antepassados pudessem ver um grande centro comercial, achariam provavelmente que esses novos templos edificados ao deus do consumo escoam besteiras. Talvez pensassem que essas bugigangas que transbordam das vitrines nos distanciam dos verdadeiros valores. Logo, sem que se destruíssem as visões tradicionais do mundo, não poderíamos nos consagrar tão intensamente ao consumo.”
Do filósofo francês Luc Ferry
Publicado
segunda-feira, 18 de junho de 2012 às 6:48 pm e categorizado como Blog.
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É possível que um passo à frente signifique dois para trás?
“Os que desconstruíram os valores tradicionais no século 20 pertenciam com frequência à esquerda. Na verdade, essa grande desconstrução serviu aos interesses do capitalismo. Explico: foi necessário que os boêmios, os jovens de cabelos longos, os libertários questionassem os valores e as autoridades tradicionais para que o capitalismo, ele também moderno e fadado à inovação pela inovação, pudesse fazer entrar nossos filhos na era do grande consumo de massa sem o qual seu futuro globalizado não teria sido possível. Eis uma verdade que vai crescer no século que está aí. Se nossos filhos tivessem os mesmos valores que nossos avós, eles não comprariam um telefone celular por ano. E se nossos antepassados pudessem ver um grande centro comercial, achariam provavelmente que esses novos templos edificados ao deus do consumo escoam besteiras. Talvez pensassem que essas bugigangas que transbordam das vitrines nos distanciam dos verdadeiros valores. Logo, sem que se destruíssem as visões tradicionais do mundo, não poderíamos nos consagrar tão intensamente ao consumo.”
Do filósofo francês Luc Ferry
Publicado segunda-feira, 18 de junho de 2012 às 6:48 pm e categorizado como Blog. Você pode deixar um comentário, ou fazer um trackback a partir do seu site.