Perto, mesmo que à distância

“Minha pequena filha!
Moro ainda contigo.
Só que a casa ficou maior,
meu quarto é mais longe.
Repara só!
As ruas não passam de corredores compridos,
cheios de quartos dando pra eles.
As praças são salas.
Os restaurantes, copas
e a família ficou grande,
muito grande.
Se eu me mudar de cidade?
A casa cresce mais ainda. Os corredores, agora, são as estradas.
As cidades, os quartos.
200, 500 quilômetros,
mesmo assim, tão próximos…
Não tenhas medo nunca. Ainda estamos juntos.
Se eu me mudar de país? Agora a casa é imensa.
O mar, uma grande sala acarpetada de azul.
Eu vou estar bem pertinho, ali,
do outro lado, olhando na tua direção,
de uma janela qualquer.
Se eu morrer?
Então a casa volta a ser pequena.
As paredes de todos os quartos
se dissolvem,
os corredores desaparecem,
eu torno a segurar tua mão,
a te sentar no colo,
a te vigiar dormindo.”

Pai Longe, poema de Marcelo Xavier 

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