Louvar os mortos é ainda um modo de lhes tirar a vida?

“Há algumas palavras que quase não se veem, raramente se escutam, parecem ter existido antes para depois não se mostrarem mais presentes. Deixam de maneira lenta e silenciosa, ou repentina e ruidosa, de pertencer a uma experiência comum repartida entre aqueles que nelas encontraram um significado, um desafio, uma explicação, a possibilidade da tradução de um sentimento misterioso, inexplicável mesmo para aquele que sente. Assim como as pessoas, uma hora está. No instante seguinte, resta apenas a ausência. Panegírico é uma palavra assim. Trata-se de um discurso, de uma louvação, a homenagem pública a alguém ou a algo. É geralmente aquilo que os vivos decidem realizar quando estão diante da evidência concreta da morte. O Panegírico é o elogio. Não raramente, o último elogio. E talvez mais. Sua missão, sua natureza, supera o elogio, porque mesmo o elogio permite a contradição, o contraponto infeliz na existência de alguém e do personagem desse mesmo alguém. Um ato supremo de hipocrisia, então? Possivelmente, sim. ”

Trecho do artigo O Que Não se Sabe sobre Daniel Piza, de Marcelo Rezende
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