De bode do bode

“Estava eu em Nova York lançando o filme O Que É Isso, Companheiro? quando, em um jantar com a Lucy e o Luiz Carlos Barreto, li no cardápio a opção Slow Cooked Kid. Um pouco chocada com a ideia de que cozinhavam crianças devagarzinho em Manhattan, perguntei o que era kid para o garçom. Era bode, me explicou ele. Quando chegou o meu bode cozido lentamente, senti um cheiro estranho no ar. Polida, encarei o pedido sem reclamar. Luiz Carlos, nordestino curioso, pediu para provar a versão americana da iguaria de sua terra natal. Quando sentiu o mesmo gosto esquisito, me mandou parar de comer, chamou o garçom e repetiu algumas vezes entre o inglês e o português retado: ‘The bode is no good. You don’t know how to remove the nhaca from the bode. You have to remove the nhaca‘.”

Trecho do artigo Micro-ondas, de Fernanda Torres

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