Ossobucos do ofício

“‘Além do mais somos cinco e não queremos ser seis” é o mote desta sociedade literária secreta, que é tão secreta que nem os seus membros desconfiam de sua existência. Nossa principal diretriz temática é o uso da piada interna como figura de linguagem, nave-tia da nossa literatura. Formada por mim, Emilio Fraia, Antonio Prata, Paulo Werneck, Chico Mattoso, Fabrício Corsaletti e a minha mãe, tem como principal característica o hábito de responder entrevistas só falando em comida, não importa o que perguntem.
— Como você vê a ficção moderna?
— Veja bem, eu costumo compará-la a um grande pudim de queijo.
— Senhor Emilio, senhor Emilio, qual o sentido da literatura em sua vida?
— Nunca dei muita atenção aos legumes, embora sempre os tenha consumido. E nunca entendi o porquê dessa convenção estúpida de só servir peixe às sextas-feiras.
— Qual a essência do ser humano neste tempo de mudanças? Me parece que seus livros captam isso muito bem.
— Se é preciso definir em uma palavra: ‘quindim’. Não que siga critérios lógicos, o que nos levaria provavelmente às batatas ou ao ovo em estado bruto, mas trata-se da multiformidade que se pode tirar de uma iguaria bem feita.”

Povo do Carvão, crônica de Vanessa Barbara, extraída do site da editora Cosac Naify

Nenhum Comentário para “Ossobucos do ofício”

  1. Érica Elke disse:

    Em outras palavras, pudim de pão! 🙂

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