No fundo, somos sempre marinheiros de primeira viagem?
“Estou no fim da casa dos 50 agora. Quando jovem, nunca imaginei que o século 21 chegaria de fato e que, piadas à parte, eu faria 50 anos. Na teoria, claro, é uma verdade óbvia que algum dia, se nada acontecesse, o século 21 chegaria e eu faria cinco décadas de vida. Quando eu era novo, pedir que me imaginasse com 50 anos era tão difícil quanto me pedir para imaginar, concretamente, como era o mundo após a morte. (…) E agora eis me aqui, vivendo nesse mundo inimaginável. Parece mesmo muito estranho, e não sei dizer se sou afortunado ou não. Talvez não faça diferença. Para mim _e para todo mundo, provavelmente_ essa é a minha primeira experiência com envelhecimento, e as emoções que estou sentindo também são sensações em primeira mão. Se fosse alguma coisa que eu houvesse experimentado antes, então talvez fosse capaz de compreendê-la mais claramente, mas essa é a primeira vez, então não posso. Por ora, tudo o que está a meu alcance é postergar quaisquer juízos minuciosos e aceitar as coisas como elas são. Assim como aceito o céu, as nuvens e o rio.”
Trecho do livro Do Que Eu Falo Quando Eu Falo de Corrida, de Haruki Murakami
Publicado
terça-feira, 19 de outubro de 2010 às 8:28 pm e categorizado como Blog.
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No fundo, somos sempre marinheiros de primeira viagem?
“Estou no fim da casa dos 50 agora. Quando jovem, nunca imaginei que o século 21 chegaria de fato e que, piadas à parte, eu faria 50 anos. Na teoria, claro, é uma verdade óbvia que algum dia, se nada acontecesse, o século 21 chegaria e eu faria cinco décadas de vida. Quando eu era novo, pedir que me imaginasse com 50 anos era tão difícil quanto me pedir para imaginar, concretamente, como era o mundo após a morte. (…) E agora eis me aqui, vivendo nesse mundo inimaginável. Parece mesmo muito estranho, e não sei dizer se sou afortunado ou não. Talvez não faça diferença. Para mim _e para todo mundo, provavelmente_ essa é a minha primeira experiência com envelhecimento, e as emoções que estou sentindo também são sensações em primeira mão. Se fosse alguma coisa que eu houvesse experimentado antes, então talvez fosse capaz de compreendê-la mais claramente, mas essa é a primeira vez, então não posso. Por ora, tudo o que está a meu alcance é postergar quaisquer juízos minuciosos e aceitar as coisas como elas são. Assim como aceito o céu, as nuvens e o rio.”
Trecho do livro Do Que Eu Falo Quando Eu Falo de Corrida, de Haruki Murakami
Publicado terça-feira, 19 de outubro de 2010 às 8:28 pm e categorizado como Blog. Você pode deixar um comentário, ou fazer um trackback a partir do seu site.