Então o amor não é cego?

“- Nós nunca nos vimos uns aos outros. Fazemos perguntas entre nós e respondemos, vivemos juntos, estamos sempre juntos. No entanto, não sabemos como somos… Podemos nos tocar com as duas mãos, só que os olhos podem mais do que as mãos.
– Às vezes, vejo a sombra quando alguém está contra o sol.
– Nunca vimos a casa onde vivemos mesmo tateando as paredes e as janelas. Não sabemos onde moramos.
– Dizem que é um velho castelo, sombrio e miserável. Nele nunca se vê a luz, a não ser na torre onde fica o quarto do padre.
– Quem não enxerga não precisa de luz.
– Quando pastoreio os bichos, as ovelhas se recolhem sozinhas ao perceber, à noite, aquela luz na torre…  Elas nunca se perdem.
– Já faz anos e anos que estamos juntos, e nunca nos avistamos sequer! Parece que estamos sempre sozinhos!… É preciso ver para amar…”

Trecho da peça Os Cegos, do dramaturgo belga Maurice Maeterlinck. No espetáculo, que flerta com o teatro do absurdo, 12 deficientes visuais, moradores de uma pequena ilha, se descobrem perdidos 

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