Por que é tão difícil perder um amor juvenil?
“Eu ainda não tinha chegado aos 30 quando Holland, o meu marido, estava prestes a me abandonar. E eis o que eu pensava ser o pior de tudo: ninguém mais me conheceria jovem. A partir dali, eu sempre teria aquela idade ou seria mais velha para qualquer homem que eu conhecesse. (…) O que me faria falta – e isso só me ocorreu naquele momento – era o imutável, o insubstituível. Nunca conheceria outro homem que tivesse conhecido minha mãe, que vira seu cabelo indomável, o sotaque acentuado do Kentucky, àspero de fúria. Ela agora estava morta e nenhum outro homem poderia conhecê-la. Isso faria falta. Nunca conheceria ninguém, em lugar nenhum, que tenha me visto chorando de raiva e de falta de sono naqueles primeiros meses depois que Sonny, o nosso filho, nasceu, ou que o viu dar os primeiros passos, ou que o ouviu contar suas histórias sem sentido. Ele agora já era um garoto. Ninguém jamais poderia conhecê-lo quando bebê. Isso também faria falta. Eu não estaria sozinha apenas no presente; estaria sozinha também no meu passado, nas minhas lembranças. Pois fazem parte dele, de Holland, o meu marido. E dentro de uma hora esta parte de mim seria cortada como a cauda de um bicho. A partir daquela noite, eu seria como uma viajante de um país distante onde ninguém nunca esteve, e de onde nem sequer ouviu falar. Uma imigrante de uma terra desaparecida: a minha juventude.”
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