“A marchar no ritmo de braços e pernas Como bombas bombeando um poço vazio. (…) A gritar ‘mamãe’ Quando ela não pode ouvir, E a gritar por ‘deus’ Quando eu não creio nele, E mesmo que acreditasse nele, Eu não lhe falaria sobre a guerra, Como a uma criança não se fala Dos horrores adultos. (…) Mas acima de tudo, Aprendi a sabedoria da camuflagem, Não ficar visível, não ser reconhecido, Não me distinguir daquilo que me cerca, Nem mesmo de quem amo. Que pensem que sou uma moita Ou um carneiro, Uma árvore, a sombra de uma árvore, Uma cerca viva, numa pedra morta, Uma casa, o canto de uma casa.”
Trechos do poema O que Aprendi nas Guerras, do israelense Yehuda Amichai. A tradução é de Millôr Fernandes
Publicado
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010 às 4:11 pm e categorizado como Blog.
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O que aprendi nas guerras?
“A marchar no ritmo de braços e pernas
Como bombas bombeando um poço vazio. (…)
A gritar ‘mamãe’
Quando ela não pode ouvir,
E a gritar por ‘deus’
Quando eu não creio nele,
E mesmo que acreditasse nele,
Eu não lhe falaria sobre a guerra,
Como a uma criança não se fala
Dos horrores adultos. (…)
Mas acima de tudo,
Aprendi a sabedoria da camuflagem,
Não ficar visível, não ser reconhecido,
Não me distinguir daquilo que me cerca,
Nem mesmo de quem amo.
Que pensem que sou uma moita
Ou um carneiro,
Uma árvore, a sombra de uma árvore,
Uma cerca viva, numa pedra morta,
Uma casa, o canto de uma casa.”
Trechos do poema O que Aprendi nas Guerras, do israelense Yehuda Amichai.
A tradução é de Millôr Fernandes
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