“- O que você faz na vida? – Sou estivador. – Não, falando sério. – Estou falando sério. _ E teria lhe mostrado as palmas das mãos para prová-lo, se não receasse que ela pudesse discernir entre o que era um calo e o que era uma bolha. Naquela semana, todas as manhãs, seguindo a dica de um colega brutamontes, ele se exercitara nas docas, carregando caixotes de frutas. _ Mas a partir de segunda-feira terei um emprego melhor. Caixa noturno numa lanchonete. – Não estou falando desse tipo de coisa. Qual é o seu verdadeiro interesse? – Querida _ (e, como ele ainda era bastante jovem, o atrevimento de dizer ‘Querida’ num relacionamento tão recente o fez corar). _ Querida, se eu tivesse a resposta pra essa pergunta, aposto que em meia hora já estaríamos os dois morrendo de tédio.” Trecho do romance Foi apenas um Sonho, de Richard Yates
Publicado
terça-feira, 26 de janeiro de 2010 às 4:27 pm e categorizado como Blog.
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Das vantagens de estar à deriva
“- O que você faz na vida?
– Sou estivador.
– Não, falando sério.
– Estou falando sério. _ E teria lhe mostrado as palmas das mãos para prová-lo, se não receasse que ela pudesse discernir entre o que era um calo e o que era uma bolha. Naquela semana, todas as manhãs, seguindo a dica de um colega brutamontes, ele se exercitara nas docas, carregando caixotes de frutas. _ Mas a partir de segunda-feira terei um emprego melhor. Caixa noturno numa lanchonete.
– Não estou falando desse tipo de coisa. Qual é o seu verdadeiro interesse?
– Querida _ (e, como ele ainda era bastante jovem, o atrevimento de dizer ‘Querida’ num relacionamento tão recente o fez corar). _ Querida, se eu tivesse a resposta pra essa pergunta, aposto que em meia hora já estaríamos os dois morrendo de tédio.”
Trecho do romance Foi apenas um Sonho, de Richard Yates
Publicado terça-feira, 26 de janeiro de 2010 às 4:27 pm e categorizado como Blog. Você pode deixar um comentário, ou fazer um trackback a partir do seu site.