Navegar é impreciso

“Cinco de junho. Acordei, li os e-mails, tracei algumas linhas e uma maçã. À uma da tarde desci para a recepção do hotel, ansiosa, para o passeio em alto-mar, sonhando em ver pelo menos uma ponta de rabo de cachalote. (…)
No cais, embarcando com meus meninos no bote, as pessoas da produção local conversam, determinando o futuro do passeio.
– Temos a passagem de som no teatro antes do concerto. Então estarão de volta às três horas da tarde, ok?
E outra pessoa da produção diz:
– Sim, sim, com certeza, estarão de volta às três.
Que é quando o capitão situa:
– Não, não temos certeza se estaremos de volta às três, nem se haverá baleias e nem mesmo se voltaremos, se é que algum viajante retorna. Isto aqui é o mar, o pá, não temos certeza de nada.”

Trecho de Saga Lusa, de Adriana Calcanhotto. No livro, a cantora narra o surto de pânico e alucinações que sofreu há quase dois anos durante uma turnê em Portugal

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