Kafka, no Brasil, seria cronista?
“Fazia tempo que eu não ria tanto como na semana passada, quando assisti ao vídeo do discurso de Janaína Paschoal, a musa do impeachment, na Faculdade de Direito da USP. O vídeo circulou pela internet em mais de uma versão. Preferi a original, nua e crua, à versão cover do Iron Maiden, na qual Janaína também se sai muito bem. Soube que algumas feministas ficaram indignadas com o escárnio público, como se as piadas provocadas pelo vídeo (parece que também houve agressões infelizes e sem humor, o que costuma ser regra na internet e é sempre lamentável) fossem dirigidas às mulheres em geral e não a Janaína em particular. Ao contrário dessas feministas, fiquei feliz de não ter nada a ver com ela. Na verdade, fiquei eufórico. O riso (provocado pela performance e não pelas piadas) se misturou com a felicidade de enfim ter certeza, depois de tantos motivos para dúvida nas últimas semanas, de que estou no campo certo. A performance de Janaína é consequência de uma sociedade midiática, de exposição absoluta, que desnorteia os indivíduos entre BBBs, Facebook e o mundo das celebridades. Ninguém vê, por exemplo, obscenidade alguma em a mulher de um juiz em princípio sério e idôneo, que faz um trabalho importante contra a corrupção no país, abrir uma página no Facebook com o título ‘Moro com ele’ (trocadilho com o nome do marido), para agradecer o apoio e as centenas de milhares de mensagens de carinho da população. Se ninguém vê, não sou eu que vou explicar.”
“A moda do momento são as cápsulas de café expresso individuais, utilizadas em máquinas caras e responsáveis por um consumo excessivo de material. Há uma estatística que diz que, caso sejam alinhadas todas as cápsulas de café consumidas no mundo, seria possível circundar o globo 12 vezes. Para piorar, esses pequenos copos são feitos de uma mistura de plástico e alumínio, o que significa que a maioria das usinas de reciclagem no mundo não consegue reciclá-los corretamente. Por conta disso, a cidade alemã de Hamburgo tornou-se a primeira a proibir a venda e a utilização de cápsulas de café individuais em todos os prédios administrados pelo governo. ‘Essas porções geram consumo de recursos e descarte de resíduos desnecessários. São 6 gramas de café em 3 gramas de embalagem. Nós, em Hamburgo, pensamos que isso não deve ser comprado com o dinheiro dos contribuintes’, relatou Jan Dube, do Departamento de Meio Ambiente e Energia.”
“Leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi.”
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