Arquivo de fevereiro de 2015

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Em vez de Autor, autores

“- Tem religião? Acredita em Deus?
– Não, minha ficção está toda no teatro.”

Da atriz Nathalia Timberg, numa entrevista para o jornal O Globo

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

A perda do essencial

“Como aceitar a falta
de seiva
de perfume
de água
de ar?
Como?”

Poema da uruguaia Idea Vilariño

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Quem me garante que a realidade não é ficção?

“Me chamo Dick Nolan. Vivo de inventar histórias. Sou um repórter.”

Fala de um dos personagens de Grandes Olhos, filme dirigido por Tim Burton 

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O que há de tão diferente assim entre os diferentes?

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Sentimentos que não ousam mencionar o próprio nome

“O grande bônus do smartphone é que essa coisa tão moderna acabou por recuperar um hábito muito antigo: a comunicação escrita. E escrevemos muito do que não temos coragem de dizer. Fala-se bonito pelas linhas. É charmoso. Arrisco afirmar que não ouviria no telefone as mensagens de fim de ano que recebi por escrito. E teria certo pudor de falar em alto e bom som as que mandei. Por que será que não conseguimos dizer muito do que conseguimos escrever? Por que o elogio cria um certo incômodo? O elogiado não sabe o que fazer, fica vermelho, os presentes se constrangem. Acho que o elogio foi tão usado como moeda de troca que sempre desconfiam de alguém que se propõe a elogiar assim, de peito aberto. Mas isso é uma longa conversa.
Na atmosfera de avaliação de relações, a que ainda nos rendemos a cada dezembro, o WhatsApp encorajou muita gente que estava quieta a manifestar o seu afeto. Diante do que nos tornamos, talvez tenhamos agora, ao alcance dos nossos dedos, o verdadeiro resgate das declarações de amor.”

Trecho de Modernas missivas, crônica da atriz Denise Fraga

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Onde perdi meu coração?

“Eu sinto muito por não sentir nada.”

Trecho da peça Reality (Final), de Michelle Ferreira

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Podem existir fortunas moralmente defensáveis?

“Adão nasceu pelado
E nada é o que ele tinha
Me explica, me explica, vizinha
Como é que tem gente rica”

Trecho de Adão, música de Paulo Leminski
Interpretada por Estrelinski e os Paulera

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Os coelhos somos nós?

“Anedotas, ditados, máximas e piadas têm, digamos, uma narrativa axial de significado evidente – exemplo: coelho para a coelha: ‘Vai ser bom, não foi?’ – e significados radiais implícitos e/ou subevidentes. No caso do coelho e da coelha, o sentido da narrativa está na rapidez do enunciado ‘Vai ser bom, não foi?’. Coelhos são, notoriamente, animais sexualmente hiperativos, mas cuja conjunção carnal se completa em uma fração de segundo, justamente o espaço de tempo representado, na frase, pela vírgula. A quase justaposição do primeiro e do segundo segmento da frase, separados apenas por uma vírgula providencial, é que produz o humor da piada. A frase É a piada. São dispensadas informações secundárias tipo onde se deu o encontro do coelho com a coelha, detalhes (caráter, vida pregressa etc.) dos dois e do pós-coito – a coelha, por exemplo, se sentiu frustrada com a rapidez da conjunção, esperava algo mais romântico e preliminares mais prolongadas, ou já estava resignada ao sexo relâmpago típico da sua espécie e só esperava que pelo menos o coelho não tivesse ejaculação precoce, o que só encurtaria ainda mais o evento? Como o humor está na frase rápida e não inclui detalhes adicionais comuns em outras anedotas – que, geralmente, contêm uma história, um cenário identificável e personagens humanos -, o caso do coelho e da coelha requer muita atenção do ouvinte. Ele pode não entender da primeira vez. E, se quiser, pode buscar outras interpretações da piada, além do comentário jocoso sobre a vida sexual do coelho. A frase pode conter um comentário maior e mais abrangente sobre este tempo em que vivemos, em que passamos da antecipação do prazer para a crítica do prazer sem a etapa intermediária do prazer. O coelho e a coelha seriam um casal prototípico da era da ansiedade, do stress e da rapidinha.”

Trecho de Frases, crônica de Luis Fernando Verissimo

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Nunca a Pauliceia se revelou tão desvairada?

“São Paulo sem água é uma imagem poderosa. A cidade expandida em que mais de 20 milhões vivem à beira de um rio que matamos. A cidade que virou estufa, abarrotada por carros que se movem mais e mais lentamente, queimando combustíveis fósseis e lançando gases na atmosfera. A cidade que desmatou o entorno dos mananciais e desprotegeu-se. A cidade em que, quando a chuva cai, parece que evapora antes de chegar ao chão convertido em concreto e, nas tempestades, alaga e é destruída porque o cimento não pode absorver a água. As chaminés das fábricas do século 20 da São Paulo ‘que amanhece trabalhando’, assim como os canos de descarga dos carros de cada dia, são falos decaídos. As ilusões de potência e de superação, o sem limites da modernidade, viram pó na cidade imensa, transformando São Paulo num monumento que ela não sonhou ser – e nós em seres trágicos.”

Trecho de Vamos precisar de um balde maior, artigo de Eliane Brum

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Só o mundano pode nos levar ao Paraíso?

Num bar, em Olinda
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