Arquivo de fevereiro de 2015

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Juízo final

Mesmo que a Terra não passe da próxima guerra
Mesmo assim, valeu?
Valeu encharcar este planeta de suor?
Valeu esquecer das coisas que eu sei de cor?
Valeu encarar esta vida que podia ser melhor?

A partir de Valeu, canção de Paulo Leminski
Interpretada por Leminski e Kito Pereira

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Me dá uma gotinha aí?

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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A desconexão dos conectados

O jovem de 20 e poucos anos escarafunchava minuciosamente o celular em plena Faria Lima, uma das movimentadíssimas avenidas de São Paulo. Usava fone nos ouvidos e, de costas para uma garagem, não percebeu quando um carro se aproximou com a intenção de sair. Mal avistou o rapaz que obstruía a passagem, o motorista parou e deu um leve toque na buzina. Não adiantou. O moço permaneceu imerso no smartphone, sem arredar pé de onde se encontrava. Intrigado, o motorista tocou novamente a buzina. O jovem, porém, continuou vasculhando a tela luminosa. Assim que a buzina soou pela terceira vez, o rapaz ajustou o fone. Um tanto confuso, julgou brotar dali o barulho que finalmente escutara. Em nenhum momento, fez menção de se virar para trás ou mesmo para os lados. Mantinha os olhos fixos no celular. O motorista, então, desceu do automóvel e pousou a mão direita sobre as costas do moço, tirando-o do prolongado transe. Sem jeito, o jovem coçou a cabeça, sorriu e prontamente abriu caminho. Foi quando o motorista me notou na calçada e disse: “Você acompanhou tudo, né? Como alguém pode estar tão longe estando tão perto?”

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Para viver mais e melhor, há que se escutar a morte?

“Hoje eu estou aqui
Por sorte, não por ser forte
Por que que sobrevivi, não sei
Sei que não foi blefe ou trote
Anteontem na UTI
Foi me visitar a morte
Mesmo sedado senti
Seu bafo no meu cangote
De susto, quase morri
Deu pânico, entrei em choque
Quando nas mãos dela eu vi
em vez da foice, serrote
Disse: ‘Vim te advertir
Somente pra dar uns toques
Burrice tentar fugir
Cuide-se bem, se comporte’
Daí desandou a rir
Do cateter, rir do corte
Passou a se divertir
Me dando croque e mais croque
Quando resolveu partir
Entregou-me um passaporte
Gritou antes de sumir:
‘Além de servir de mote
Vim ajudá-lo a assumir de vez
O seu lado pop
Então é só decidir se morte é mote
Pra funk ou xote'”

Anteontem (Melô da UTI), canção de Itamar Assumpção
Interpretada pela Banda Isca de Polícia

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Quão escassa pode ser a abundância?

“Tudo nos falta quando estamos em falta com nós mesmos.”

Trecho de Os Sofrimentos do Jovem Werther, romance de Goethe

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Para onde vão as ilusões perdidas?

“Eu era jornalista. Um jornalista que escrevia sobre TV, filmes e livros. Na época em que as pessoas liam coisas em papel, na época em que alguém se importava com o que eu pensava. Eu chegara a Nova York no final dos anos 90, o último suspiro dos dias de glória, embora ninguém soubesse disso naquele tempo. Nova York estava abarrotada de jornalistas, jornalistas de verdade, porque havia revistas, revistas de verdade, muitas delas. Isso quando a internet ainda era um animalzinho exótico mantido na periferia do mundo editorial — jogue um biscoitinho para ele, veja como dança em sua coleirinha, ah, que bonitinho, ele decididamente não vai nos matar no meio da noite. Pense só nisso: uma época em que garotos recém-formados podiam ir para Nova York e ser pagos para escrever. Não tínhamos ideia de que estávamos iniciando carreiras que desapareceriam em uma década. Eu tive um emprego durante 11 anos, e então deixei de ter, rápido assim. Por todo o país, revistas começaram a fechar, sucumbindo a uma súbita infecção produzida pela economia detonada. Os jornalistas (meu tipo de jornalistas: aspirantes a romancistas, pensadores reflexivos, pessoas cujos cérebros não funcionam rápido o bastante para blogar, linkar e tuitar, basicamente falastrões velhos e teimosos) já eram. Assim como chapeleiros femininos ou fabricantes de chibatas, nosso tempo chegara ao fim.”

Trecho de Garota Exemplar, romance de Gillian Flynn
Dica de Ricardo Lombardi 

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Ninguém é de ninguém?

Bloco Casa Comigo, que saiu ontem
na Vila Beatriz, em São Paulo
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