quinta-feira, 13 de maio de 2010

Desobediência

“‘O céu reage ao ruído como se fosse uma ofensa pessoal’ (Lévi-Strauss, O Cru e o Cozido), quer o ruído todo para si. A língua disfarça seu barulho; a voz inibe as piores modalidades da garganta; o canto pacifica tudo (mas para o céu até os pássaros fazem ruído). Falamos baixo por temor ao céu; compomos por temor ao céu. Que música, que voz sairia de nossas entranhas enfrentando a proibição? Qual ruído? – não seria alto, mas constante. Um zumbido saindo de todos os homens, um canto coral incrustado – Aqui!, aqui! –, um ninho de macacos apontando o próprio peito e gritando em uníssono: nós! E o céu se irritaria, mandando chuva, depois secaria o solo, mas o zumbido seria o alimento predileto dessa gente – Nós! –, continuando por gerações. E ofendendo o céu, cuspiriam para cima todas as manhãs, portadores de uma voz sem medo – de uma voz sem música.”

Nós!, narrativa do livro O Mau Vidraceiro, de Nuno Ramos

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Por que Dunga deveria ter convocado Ronaldinho Gaúcho e Adriano?

Para não estragar o álbum de figurinhas da Copa.

A partir de uma carta que o leitor Marcelo de Moura enviou à Folha de S.Paulo

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Globalizado

“Eles estavam só ficando e, num momento de declarações na cama, ele pergunta:
– Você é só minha?
A ingênua:
– Sim. E você? É só meu?
O bruto:
– Ah! Eu sou do mundo.”

Trecho do livro Homem É Tudo Palhaço!, de Ana Paula Mattos, Nara Franco e Roberta Carvalho

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Além?


 “A vida está
dentro da vida
em si mesma circunscrita
sem saída.”

Trecho do poema Dentro sem Fora, de Ferreira Gullar

quarta-feira, 12 de maio de 2010

A teus pés

– Não tem por que dormir, não faz sentido.
– Claro que faz, as pessoas têm sono.
– Eu não tenho.
– Ah, não? A gente acabou de dormir três horas num sábado à tarde.
– Mas eu durmo só pra te agradar.

 Do blog These Are the Days, Enfim

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Do you speak Chinglish?

Com o intuito de ajudar os estrangeiros que não conseguem decifrar ideogramas, os chineses de Xangai resolveram traduzir para o inglês muitos dos cardápios, placas, luminosos e rótulos que se espalham pela cidade. O problema é que, nem sempre, as traduções fazem sentido. Em consequência, os engraçadinhos andam dizendo que Xangai inventou um novo idioma: o chinglish.
Na fachada de um restaurante, por exemplo, o luminoso informa que ali se oferece fragrant and hot marxism (marxismo quente e aromático). No degrau de uma escada, o letreiro adverte: slip and fall down carefully (escorregue e caia cuidadosamente). E no rótulo de uma latinha parecida com as de refrigerante, o consumidor descobre que  está prestes a beber um delicioso jew’s ear juice (suco de orelha de judeu).
Veja outros exemplos aqui.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Às vezes, quando menos se espera, o banal vira palco?

“Tem dias como hoje
me equilibro no metrô
com o livro nas mãos
como se minha estação
nunca fosse a próxima.
Então de súbito
salto do trem
tudo calculado
para intrigar os passageiros
que veem sempre repetida
a velocidade do escuro
e o mantra no alto-falante
observe o espaço entre o trem e a plataforma
e tento distrair seus pensamentos
com minha ação premeditada
e dissimulada
preenchendo com a imaginação
o vão
entre o trem e a plataforma.”

Vão, poema de Laura Liuzzi

terça-feira, 11 de maio de 2010

As aparências enganam?

Cartum de Ota

terça-feira, 11 de maio de 2010

E se, em vez do Manifesto Comunista, existisse o Manifesto Colunista?

“Sem dúvida, um dos problemas angustiantes do mundo moderno é o Problema Social. Raras são as pessoas, hoje em dia, que não se mostram preocupadas, de uma forma ou de outra, com o Problema Social. Ainda recentemente, ouvíamos, em uma recepção de embaixada muito elegante, comentários a respeito da gravidade e da seriedade do Problema Social.
Contudo, é preciso lembrar que o Problema Social não é um só, e sim múltiplo: não se pode, na realidade, falar apenas de um Problema Social, mas de vários Problemas Sociais. Alguns destes são mais graves, outros menos. Entre os mais graves citaremos o ter de escolher, num jantar de cerimônia, entre pessoas de igual importância, aquela que se sentará à direita do dono da casa. Entre os menos graves, mencionaremos o saber distinguir entre talheres de peixe, carne e sobremesa; o saber diferenciar, em cerimônias puxadas a black-tie, entre o garçom e o convidade; o conhecer as ocasiões em que o caroço de azeitona é escondido à direita ou à esquerda debaixo do prato.
Estas questões são de tal vulto que até mesmo jornais de grande circulação mantêm colunas especializadas em problemas socias. Tais colunas recebem, de modo geral, a denominação de Coluna Social, podendo porém variar e assumir nomes como: Mensagem Social, Crônica Social, Conteúdo Social, Vida Social, Vida em Sociedade, Sociedade Social, Soçaite ou, simplesmente, Socialismo.”

Trecho de O Manifesto Colunista, crônica de João Bethencourt

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Um mau hábito?

“Manuel Flores va a morir
eso es moneda corriente
morir es una costumbre
que sabe tener la gente”

Trecho de Milonga de Manuel Flores, de Vitor Ramil e Jorge Luis Borges
(interpretação de Vitor Ramil)

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