quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

E se, em vez de pedra, houver uma árvore no meio do caminho?

Árvore e prédio

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Cunha, o ubíquo

Já sabemos que Eduardo Cunha não é propriamente um deputado federal. O sujeito está mais para polvo, com tentáculos que se espalham por todo lado. Trabalhou como auditor e corretor de seguros, integrou a tropa de choque que assessorava Fernando Collor, dirigiu a Telerj – antiga companhia fluminense de telecomunicações –, preside a Câmara, esconde dinheiro na Suíça, conspira, faz chantagens, manipula CPIs e, evangélico, ainda dissemina lições de Cristo pelas redes sociais (ou o que entende por lições de Cristo). Não bastasse, agora descobrimos que o homem também lida com táxis. Segundo o jornal carioca O Dia, o jardim da casa onde o parlamentar mora, na Barra da Tijuca, abriga um carro de praça. O Touareg modelo 2014, de Nilópolis, exibe a placa LSM 1530. Por uma dessas coincidências que só a metafísica explica, o número é o mesmo que o político usou em campanhas recentes. O automóvel costumava transportar o então candidato durante o périplo eleitoral.
Táxi do Cunha
Vote Cunha 1530. Um tal de Altair Alves Pinto provavelmente votou. O táxi se encontra em nome do cara, que já prestou serviços no gabinete do deputado estadual Fábio Silva, peixinho de Cunha. Salário bruto do Altair? Quase R$ 10 mil, pagos pela Assembleia Legislativa do Rio. Em depoimento à Lava Jato, o doleiro e delator Fernando Baiano afirmou que repassou propinas milionárias para o dono do Touareg. A grana teria o presidente da Câmara como destinatário final.
Pelo andar da carruagem, às vezes me pergunto se o Cunha não está por trás de cada suborno que os brasileiros praticam, incluindo os mais chinfrins. O policial ganha “um cafezinho” para aliviar a infração de trânsito. O garçom recebe um agrado do freguês cinco estrelas para lhe garantir a melhor mesa. Será que o Cunha não leva 10% nessas transações?

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Não mais, mas ainda

“Quanto de mim pode ser eliminado antes que eu deixe de ser eu?”

Extraído de um quadrinho de Laerte
O título do post remete a uma exposição da artista Ana Teixeira

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Chegará o dia em que os eletrodomésticos irão nos domesticar?

“Imagine a situação. Você vai ao banheiro. Com pressa, sai sem lavar as mãos. Ao tentar abrir a porta, nota que ela se trancou automaticamente, e um alarme soa. Só então você entende: ou lava as mãos, pressionando a alavanca na saboneteira, ou a porta não se abrirá. Parece ficção, mas produtos assim já existem. O Safegard Germ Alarm é uma saboneteira que faz exatamente isso. Aciona um comando digital se percebe que você está deixando o banheiro sem lavar as mãos. Esse comando pode ser usado para qualquer coisa, como tocar um alarme ou trancar a porta.
Essa é uma das facetas menos visíveis da chamada ‘internet das coisas’: seu uso para controle social. Agora, objetos comuns irão se conectar à rede. Geladeiras, ventiladores, ferros de passar, fechaduras, carros, cadeiras e até nossas camas ficarão cheios de sensores observando nosso comportamento. Poderão agir automaticamente, tomando decisões. A geladeira avisará ao supermercado que o leite acabou. A cama contará ao plano de saúde que você está dormindo pouco.
Essa tecnologia não é neutra. Traz visões políticas embutidas. (…) Coloca sobre o indivíduo todo o peso e responsabilidade por suas ‘falhas’. Isso nos leva a ignorar as causas mais profundas para várias dessas questões, como pobreza, doenças ou ignorância. Nas palavras do escritor Eugeny Morozov: ‘A política deixa de ser uma aventura comum para se tornar um espetáculo individualista destinado ao consumidor, no qual confiamos aos aplicativos a busca de soluções sociais’.”

Trecho de O lado negro da internet das coisas, artigo de Ronaldo Lemos

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

A comédia dos erros

“Era a primeira vez do tio Abraão no Rio de Janeiro. No aeroporto de Santa Catarina, os parentes o alertaram:
— Os taxistas lá são folgados. Seja firme. Fale grosso. Mostre quem está no comando.
Tio Abraão era enorme, usava barba comprida, camisa aberta até o umbigo. Não acreditava que corresse perigo. Por via das dúvidas, quando chegou a hora, abriu a porta do carro, sentou atrás do motorista, puxou a porta com força e ordenou:
— Toca pro Flamengo!
O motorista respondeu um ‘sim, senhor’ que deixou tio Abraão satisfeito, mas também com remorso – talvez tivesse exagerado. Só algumas quadras adiante percebeu que o motorista estava tremendo e, ao menos no painel, não havia taxímetro. O motorista agora estava quase chorando. Tio Abraão fez a pergunta absurda:
— Isso não é um táxi?
Ao que o outro respondeu:
— Isso não é um assalto?”

Perigo, crônica de Fabrício Corsaletti

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Milicos nunca mais?

Intervenção militar na favela

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Por que. em vez de "perda", não dizemos "transformação"?

“Se perdem gestos, cartas de amor, malas, parentes.
Se perdem vozes, cidades, países, amigos.
Romances perdidos, objetos perdidos, histórias se perdem.
Se perde o que fomos e o que queríamos ser.
Se perde o momento.
Mas não existe perda, existe movimento.”

Poema de Sombra, escrito por Bruna Lombardi

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A próxima manobra do digníssimo deputado é banir o H do alfabeto?

Charge de Nani

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Camisetas podem mais do que fardas?

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Pelo direito à impopularidade

“A ideia de que hoje há de tudo, que se tem acesso a tudo e que tudo está representado é genial. É o discurso da internet. Tudo o que antes não tinha lugar ao sol agora está ou pode estar visível. Mas as coisas começam a se complicar quando percebemos que nesse mundo do sol absoluto, onde tudo pode enfim existir em pé de igualdade, com sua pobreza, sua feiura e sua cafonice, no fundo falta lugar para a exceção. Quando por acaso ela aparece, a exceção é imediatamente associada a elitismo, ao oposto do Estado democrático de Direito. (…) Por que a exceção não cabe nesse mundo onde tanto se alardeia que tudo cabe e que tudo pode afinal existir e ser visto? Por que ela é imediatamente desautorizada, seja pela contradição de sua tendência natural à invisibilidade num mundo de visibilidade absoluta, seja por essa associação irrefletida a elitismo e a antidemocracia? Qual o problema de uma arte de exceção, se sua condição de possibilidade é justamente a democracia, regime da inclusão das diferenças e não apenas regime da maioria? Por que essa tendência a confundir maioria e consenso com democracia, ainda mais quando se trata de arte? Porque a exceção, que é fundamental nas artes e que por isso mesmo precisa ser defendida a despeito de gostos e tendências, é também o que está ligado ao risco, ao disfuncional, ao erro e ao fracasso. Nada disso combina com discursos politicamente edificantes.
Umas das principais perversões do mundo contemporâneo tem a ver com a confusão entre essas duas visibilidades: 1) a visibilidade (e o direito à existência) do que antes não podia ser visto e 2) a visibilidade autorreplicante do que quanto mais se vê mais é visto. São duas coisas completamente diferentes e, em certo aspecto, conflitantes. No primeiro caso, está a população que antes era segregada às rodoviárias e hoje tem direito de acesso aos aeroportos e ao transporte aéreo, como qualquer cidadão. No segundo, está o princípio de mercado elevado à enésima potência pelos algoritmos que estruturam a lógica da internet: quanto mais uma coisa é vista, mais ela será visível. Ou seja, você tende a ver somente o que todo mundo vê, embora a rigor tenha acesso a tudo. Pela lógica tautológica da internet, o que ninguém acessa torna-se cada vez mais inacessível, embora esteja, em princípio, disponível. É fácil entender como as exceções são banidas desse mundo da visibilidade total para um limbo de invisibilidade que equivale ao desaparecimento e à inexistência. E nesse sentido, associar a exceção na arte a elitismo e a antidemocracia não ajuda nem democratiza coisa nenhuma.”

Trecho de Visibilidade, artigo do escritor Bernardo Carvalho 
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