terça-feira, 10 de março de 2015

O eu profundo e os outros eus

Recebo uma mensagem do Linkedin, a rede social voltada para assuntos profissionais: “Temos vagas de trabalho que podem lhe interessar”. Sou novato naquelas bandas. Ainda não sei direito como as coisas funcionam. Mas sei que não me cadastrei sob disfarce. Editor e jornalista – é assim que apareço por lá. Eis, no entanto, as vagas que me ofertaram:
– gerente médico de saúde ocupacional;
– consultor de projetos educacionais;
– especialista em international tax;
– coordenador de planejamento financeiro;
– especialista em desenvolvimento organizacional;
– executivo de vendas;
– consultor sênior de transfer pricing.
Com quem eles pensam que estão falando?

terça-feira, 10 de março de 2015

Nosso ou meu?

Quão privado pode ser o dinheiro público?

segunda-feira, 9 de março de 2015

O que pensei quando ouvi os xingamentos contra Dilma durante o panelaço de ontem à noite?

“Há um problema na maneira como a oposição conduziu nestes anos a discussão política no Brasil. Ela a reduziu a uma crônica policial. Em vez de construir projetos alternativos de qualidade – e poderia, sim, ter proposto para o país coisa melhor do que o PT fez, ou pelo menos coisa boa, que preservasse as conquistas sociais do petismo e promovesse, por exemplo, o pequeno empreendedor -, limitou-se a torcer para que polícia, promotores e juízes fizessem o trabalho que ela não conseguia ou não queria fazer. O resultado é que parte significativa da população, em alguns poucos Estados, como São Paulo, criminalizou a simples simpatia pelo PT.
Isso traz uma consequência preocupante: quando o outro lado é visto como criminoso, é claro que não pode ser tratado com respeito. Uma coisa é reconhecer a vitória eleitoral de um adversário, outra a de um inimigo. Ora, se o adversário é pintado como ladrão, ele se torna inimigo. Isso deslegitima, aos olhos de uma parte minoritária, mas falante da população, o próprio processo eleitoral – e a própria democracia. Voltam alguns a querer a intervenção cirúrgica dos militares, para que rapidamente sanitizem o ambiente e o deixem pronto para os homens de bem exercerem o poder. É um 1964 redivivo, com a diferença de que os militares não querem mais esse papel, os empresários serão malucos se trocarem Joaquim Levy por uma aventura de tal ordem e a embaixada norte-americana certamente não quer criar problemas novos para seu país. No pequeno varejo das lanchonetes, das praças de alimentação, das filas de cinema e de supermercado, isso pode tornar impossível o convívio entre diferentes. Perde quem só frequenta seus próprios clones e não saboreia a diversidade de opiniões e valores.”

Trecho de Fim da Compaixão?, artigo do filósofo Renato Janine Ribeiro 

segunda-feira, 9 de março de 2015

Estamos, afinal, em 2015 ou 1938?

“Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.
Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guardas-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.
Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.
Caminhas entre mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.
Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.”

Elegia 1938, poema de Carlos Drummond de Andrade
Interpretado por Caetano Veloso

https://www.youtube.com/watch?v=AqNjbqQwOzE

segunda-feira, 9 de março de 2015

A idade adequada


– Nós combinamos de deixar as revistas que degradam as mulheres fora do alcance das crianças.
– Bacana. Mas você faz alguma ideia de quando ele deveria ver imagens degradantes de mulheres? Aos oito? Onze? Quinze? Vinte e cinco?

Cartum de Jacky Fleming
(clique na imagem para ampliá-la)

sexta-feira, 6 de março de 2015

Tudo o que sei do amor é nada?

O Amor Bate na Aorta, poema de Carlos Drummond de Andrade
Interpretado por Drica Moraes

quinta-feira, 5 de março de 2015

Sobre a arte de procrastinar

– Para quando é o relatório?
– Para ontem, rapaz!
– Que bom! Então não preciso mais fazê-lo?

quarta-feira, 4 de março de 2015

Do pó ao pó

– Mestre, como posso alcançar a imortalidade?
– Por meio da criação ou da procriação.
– Quer dizer: ou invento alguma coisa, ou tenho filhos. Certo?
– Certo.
– Só existem essas duas maneiras?
– Só. E ambas são ilusórias.

quarta-feira, 4 de março de 2015

O furão pegou carona ou pagou passagem?


“O pica-pau é conhecido ali na mata como um empreendedor. Há pouco tempo, inaugurou um serviço de passeios panorâmicos.”

Comentário de um internauta no site F5, depois de ver a magnífica imagem captada pelo fotógrafo amador Martin Le-May

terça-feira, 3 de março de 2015

Sexismo

“Eu e a minha filha no elevador. Uma vizinha entra:
– Que gracinha, de mãozinha dada com a mamãe! Cadê o papai?
– Tá em casa.
– Me conta um segredo? De quem você gosta mais, da mamãe ou do papai?
– Do papai.
– Você pode responder que gosta igual, sabia, Tina? – eu esclareço. Não precisa escolher um.
Ela pensa um pouco e me olha:
– Eu gosto mais do papai, mesmo.”

Da escritora e jornalista Liliana Prata
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