segunda-feira, 16 de março de 2015

Quanto mal podem fazer os cidadãos de bem?

“A massa [que se manifestou ontem nas ruas do Brasil] odeia o PT, odeia a presidenta e odeia a corrupção do PT e da presidenta. Esse ódio é bem variado de fato: vai desde um grito pelo assassinato da presidenta, passando pelo golpe militar, resvalando na suástica nazista que tenebrosamente tremulava em Copacabana, até chegar ao cidadão chamado de bem, aquele que estava realmente protestando por um país melhor e pelo fim da corrupção. Só que isso, para mim, é uma pauta vazia, boba e mal direcionada, ainda que as pessoas tenham o direito de defendê-la. (…)  A pauta contra a corrupção é vazia porque todos nós somos contra a corrupção na frente dos outros. O corrupto é contra a corrupção. O imoral clama sempre por moralidade.
Acho que o cidadão que participou com boas intenções das passeatas deve ao menos ter a postura crítica de perceber o papel que lhe cabe como indivíduo dentro de um movimento complexo de massa. Refletir serenamente sobre seus ideais, seus valores e perceber se eles batem com o que a manifestação, no fundo, prega. Adolf Eichmann, tenente alemão responsável pela logística dos trens que levavam os judeus para os campos de extermínio, era um ser humano que foi engolido pela máquina nazista. No relato de Hanna Arendt em A Banalidade do Mal, ele era um burocrata estúpido que só cumpria ordens. O destino fatal dos judeus não lhe dizia respeito, ele apenas fazia o seu trabalho maquinalmente. Ele não tinha nada contra os judeus, apenas estava exercendo seu ofício. Eichmann é o retrato da falência do humano, do ser que se objetifica, que serve como peça num quebra-cabeça gigantesco que não se enxerga quando está nele.
Aos colegas que estiveram nas ruas, cuidado para não se tornarem uma mera peça. Estudem, leiam, reflitam sobre a realidade do país e a sua própria. Angustiem-se agora com suas escolhas e pensem sempre muito bem antes de se juntarem a uma multidão em que as vozes mais ferozes sobressaem e abafam as vozes humanas. Reflitam e entendam que não existe um inimigo. Existe uma estrutura corrupta que precisa ser reformada. E isso exige tempo e, principalmente, democracia para acontecer.

Trecho de uma reflexão que o psicanalista e jornalista André Toso publicou no Facebook

sábado, 14 de março de 2015

Há putarias de que a própria putaria se envergonha?

Cartum de Adão Iturrusgarai

quinta-feira, 12 de março de 2015

Posso ser mais do que tenho sido?

“Os homens estão me cansando. Acho que vou tirar um ano sapático.”

Da atriz Giovanna Velasco

quinta-feira, 12 de março de 2015

Multiuso

Verdade que, em dias de alagamento, o Haddad vai liberar as ciclofaixas de São Paulo para pedalinhos?

A partir de um comentário do humorista José Simão

quinta-feira, 12 de março de 2015

Dá licença, porra?


Clique na imagem para ampliá-la

quinta-feira, 12 de março de 2015

Feliz é a mula-sem-cabeça?

“Quer saber por que que eu estou cansado?
Cada vez que eu começo a pensar
Me vem tudo de vez
E eu não penso mais nada
Eu vou pensar um assunto, certo?
Um assunto que eu escolho, é claro
Então eu faço força, força, força, força
E olha o que acontece!
Não adianta ter cabeça
Ela pensa o que quer…
Para, cabeça!
Assim você me enlouquece
Não cansa, você?”

Trecho de Minha Cabeça, canção de Zécarlos Ribeiro e Luiz Tatit
Interpretada pelo grupo Rumo

quarta-feira, 11 de março de 2015

Para onde a intolerância nos levará?

“Nasci sob a égide do bater de panelas (ollas, em castelhano). Quem as batia era minha mãe. Era o começo do que iria se tornar o 11 de setembro de 1973, a deposição de Salvador Allende, presidente eleito do Chile. Vivíamos em Las Condes, bairro de classe média. Faltava comida. Havia um clima de radicalismo que dominava vozes e mentes. O resultado foi claro. Bombardeios. Mortes. Violência. Fuga de capitais. Desemprego. Meus pais seguraram a barra alguns anos. Mudamo-nos para o Brasil. Retomamos a vida. Abandonamos o passado. Meus tios, primos e sobrinhos permaneceram lá. Quase iguais a outrora. Visitei-os duas vezes. Vi como o mundo não avança para quem estaciona.
27 + 15 anos (42 anos) depois, passado um outro 11 de setembro (o de 2001), chegamos ao Brasil dividido de hoje. Eleição agressiva, vantagem mínima, classes sociais em atrito, atitudes rasteiras de parte a parte, gente gritando o pior, outros questionando esse pior, alguns clamando por paz, outros cansados de ignorância, todos à espera do próximo dia 13 e, principalmente, do dia 15. A economia engatinha, o desemprego grassa, o desânimo permanece, sem quaisquer perspectivas alvissareiras. E os ânimos se acirram. Ontem Dilma foi à Feicon. Vaiada. As redes sociais parecem murais de acusações, fundadas ou nem tanto. Bobagens sendo ditas a torto e a direito. E alguém se importa?
O golpe do Chile em 1973 dividiu minha vida em dois. Pelo fato de sair do Chile. Pelo fato de sair por um golpe de força. Pelo fato de entender que a política poderia dar nisso. Por quem sabe supor que às vezes isso pode ser inevitável. Por entender que às vezes as pessoas realmente não se entendem. E que, se não querem, não conseguirão mesmo se entender.
Minha família no Chile ainda hoje está dividida por 1973. Meus parentes paternos são ainda hoje de direita ou democratas-cristãos empedernidos – esses DCs que abriram espaço para o golpe, como um Lacerda queria fazê-lo contra Getúlio. Meus parentes maternos, de classe social menos privilegiada, passaram a história a roldão dos acontecimentos. Alguns deles também eram DCs. Mas nenhum – que eu saiba – era UP (Unidad Popular, a frente do Allende). Eles não se falam. Claro, até se encontram. Mas não se batem. São diferentes. Mundos distantes. (…)
Sim, os momentos são distintos. A história não é, a meu ver, como em Marx, que diz que quem não a conhece pode revivê-la como farsa. Mas há uma vertigem similar à chilena em tudo o que acontece no Brasil. Todo dia parece levantar novas sombras, novos medos, e a esperança parece cada vez mais distante. Quem se levanta para clamar por entendimento parece vestir máscara de palhaço, e isso cada vez mais. As pessoas parecem ser levadas a optar por um lado – mesmo que não o assumam. Os amigos se estranham. Os semblantes nublam-se. Não parece haver meio-termo. É preciso assumir o seu lugar. (…)
Dia 13, os amigos do PT irão se encontrar. Dia 15, os inimigos do PT. Em questão, um mandato – o de Dilma. Dizem alguns que é bobagem. Dizem outros que pode ser sério. Há quem, aqui, no Brasil, hoje, permaneça parado – o poder da força, o militar. No Chile, em 1973, tudo parecia seguir o mesmo itinerário. Até o momento em que a luz vermelha acendeu. Os militares moderados perderam terreno. Os radicais – até então escondidos – deram as caras. Pinochet, o maior deles. A direita radical já clamou, aqui, agora, pela intervenção. Não foi levada a sério (nem dava para ser). Mas hoje o clima parece ser outro. Quando o conflito ocorrer de fato, algo terá de ser feito. Quem o fará? Muitos torcem pelo pior – até porque alguns (mídia) parecem ter muito a perder. Outros parecem brincar com o radicalismo. Perdoe-os, Senhor, porque eles não sabem o que fazem. Não viram as bombas. Não dividiram suas vidas ao meio. Não têm medo do medo.”

Do jornalista e dramaturgo Rodrigo Contrera

quarta-feira, 11 de março de 2015

Manual de etiqueta

Quando o coração sai pela boca, o que se deve fazer: cuspi-lo de imediato, chupá-lo como se fosse um Halls de cereja, mastigá-lo à maneira dos bovinos ou apenas degluti-lo de volta, sem mordê-lo?

quarta-feira, 11 de março de 2015

O tempo que passa também não passa?

Cartum de Jacky Fleming
(clique na imagem para ampliá-la)

terça-feira, 10 de março de 2015

Como e por que o amor acaba?

A narração é da cantora Karina Buhr
Contato | Bio | Blog | Reportagens | Entrevistas | Perfis | Artigos | Minha Primeira Vez | Confessionário | Máscara | Livros

Webmaster: Igor Queiroz