“Já caí em muitos buracos, mas nenhum me levou ao País das Maravilhas.”
“Já caí em muitos buracos, mas nenhum me levou ao País das Maravilhas.”
“Pendurado de banda
No vão da varanda
Do prédio a rodar
Não sei mais se é o mundo
Que cai aos meus pés
Ou de pernas pro ar”
“Fito-me frente a frente
E conheço quem sou.
Estou louco, é evidente
Mas que louco é que estou?”
“Eu ainda não tinha chegado aos 30 quando Holland, o meu marido, estava prestes a me abandonar. E eis o que eu pensava ser o pior de tudo: ninguém mais me conheceria jovem. A partir dali, eu sempre teria aquela idade ou seria mais velha para qualquer homem que eu conhecesse. (…) O que me faria falta – e isso só me ocorreu naquele momento – era o imutável, o insubstituível. Nunca conheceria outro homem que tivesse conhecido minha mãe, que vira seu cabelo indomável, o sotaque acentuado do Kentucky, àspero de fúria. Ela agora estava morta e nenhum outro homem poderia conhecê-la. Isso faria falta. Nunca conheceria ninguém, em lugar nenhum, que tenha me visto chorando de raiva e de falta de sono naqueles primeiros meses depois que Sonny, o nosso filho, nasceu, ou que o viu dar os primeiros passos, ou que o ouviu contar suas histórias sem sentido. Ele agora já era um garoto. Ninguém jamais poderia conhecê-lo quando bebê. Isso também faria falta. Eu não estaria sozinha apenas no presente; estaria sozinha também no meu passado, nas minhas lembranças. Pois fazem parte dele, de Holland, o meu marido. E dentro de uma hora esta parte de mim seria cortada como a cauda de um bicho. A partir daquela noite, eu seria como uma viajante de um país distante onde ninguém nunca esteve, e de onde nem sequer ouviu falar. Uma imigrante de uma terra desaparecida: a minha juventude.”
“Uma síntese do homem moderno: preguiçoso e chorão.”
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Muito obrigado!
“Você nunca adivinharia quais são as lembranças que o meu filho, Sonny, tem da infãncia. Não se recorda das tias causando alvoroço na nossa casa nem de seu melhor amigo, o cãozinho Lyle. Tampouco se recorda de Buzz Drummer, o sujeito que queria levar seu pai embora.
– Lembro que havia um P de ouro cravejado de brilhantes nas meias que você usava _diz Sonny, agora um homem feito, quando vem me visitar._ E de você ter perdido um anel atrás da penteadeira. E também me lembro de um pássaro batendo na janela da sala e de como isso me assustou.
Quem é capaz de compreender a vida de um garoto?”
Trecho de A História de um Casamento, romance de Andrew Sean Greer
“O escritório de livros estourados
pelo tempo da traça e da leitura
pelas estantes que os regurgitam
ou que os engolem, crus, sem abrir
retrata o que vai por dentro
da cabeça do escritor, entre ler, reler
interromper, não ler, esquecer, perder.
Mas arrumá-los a metro, bibliotecaria-
mente, com todas as lombadas certas
por assunto, sabor e peripécia
desfazendo as pilhas de autores sortidos
o retrato do que vai por dentro
do escritório e do escritor
não seria vazio, de faz de conta, findo?”
Biblioteca Duvidosa, poema de Armando Freitas Filho
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