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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Salvo-conduto

Quadrinho de Liniers
Dica de Rebeca Bolite

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

É impossível não querer?

“- O que é que você quer?
– Não quero nada, respondi. Quero o que as coisas quiserem.
– Ninguém pode passar sem querer. Está com medo de querer o quê?”

Trecho do conto Daruma Arigatô, de Paulo Leminski

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Quem tem boca vai a Roma ou vaia Roma?

Criamos as línguas sob a ilusão de que poderíamos, pela palavra, dominar e esculpir a realidade.
Algo, no entanto, deu errado. Não só a realidade se opôs à nossa pretensão de domínio pleno como os próprios idiomas se revelaram incontroláveis, seguindo caminhos tortuosos que muitas vezes flertam com o nonsense. É o que demonstra o recém-lançado Dicionário de Expressões Coloquiais Brasileiras, do professor carioca Nélson Cunha Mello. Tão útil quanto saboroso, o livro publicado pela Leya esclarece a origem de inúmeros termos e frases que empregamos cotidianamente, não raro sem nos perguntar se de fato fazem sentido. Cinco exemplos:
* Por que, afinal, dizemos que um objeto exibe a estranhíssima “cor de burro quando foge”? Alguém já viu um burro mudar de cor assim que sai em disparada? Cunha Mello explica que a expressão é uma corruptela e deriva, na verdade, de uma afirmação nada absurda: “corro de burro quando foge”.
Da mesma maneira,
* “enfiar o pé na jaca” advém de “enfiar o pé no jacá”, uma espécie de cesto;
* “estar com bicho-carpinteiro” descende de “estar com bicho pelo corpo inteiro”;
* “ir para cucuia” provém de “ir para o cemitério da Cacuia”, um bairro na Ilha do Governador (RJ) e
* “quem tem boca vai a Roma” decorre de “quem tem boca vaia Roma”.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O contrário da vida é o sono?

“Chegará o dia em que as torres coroadas de nuvens, os palácios resplandecentes e mesmo o globo imenso e tudo quanto lhe pertence vão desaparecer sem deixar rastro. Somos dessa matéria de que os sonhos são feitos, e a nossa vida breve é circundada pelo sono.”

Trecho da peça A Tempestade, de William Shakespeare

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Choque de realidade

Quadrinho de Liniers (clique na imagem para visualizá-la melhor)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Mais vale uma pança que balança ou uma pança que amansa?

“Chacrinha é do tempo em que favela era favela. Não tinha esse eufemismo tolo de dizer comunidade. Não disfarçava o brega, que se assumia em sua plenitude. Apostava na mistura. Elymar Santos usava o mesmo microfone que Caetano Veloso. Raul Seixas ocupava o mesmo picadeiro que Wanderley Cardoso. Aquilo era a diversidade e não a separação mercadológica da audiência. E não era intenção maquiada de bom mocismo, era a esculhambação pelo prazer da diversão. O possível herdeiro da pança que balança, Faustão, não se perdeu na noite e fincou o pé nos domingos tornando-os piores que uma enfadonha segunda. Mauricinho de camiseta polo, colocou terno no pagode e casaco de couro no sertanejo. Chacrinha era feira livre e Faustão é shopping center.”

Trecho do artigo Chacrinha ainda buzinaria a moça e comandaria a massa?, de Hugo Possolo

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Liberou geral?

“Aqui até o peixe-espada é fresco.”

Placa numa peixaria em Salvador, segundo o cronista José Simão

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Fuga

Quadrinho de Kioskerman (clique na imagem para visualizá-la melhor)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Estranhos no ninho

“O homem é um animal de rebanho, como escreveu Nietzsche? Sem dúvida. Mas nosso apego ao lar – ‘home sweet home’ – é uma tendência também forte, que nos individualiza e nos resguarda. Ficar em casa, curtir o lar, por mais humilde que ele seja, está no nosso sangue, nas nossas entranhas, como anticorpos a algumas de nossas próprias células, as que sustentam o perigoso instinto de seguir o rebanho. Todos os regimes totalitários sabem disso. Por isso mesmo, o primeiro movimento que fazem quando se instauram é declarar o fim da inviolabilidade do lar. O direito à privacidade é, então, não mais um direito moderno, mas apenas um ‘mesquinho e ilegítimo direito burguês’. A marca da ditadura nazista é a invasão do domicílio. A marca da ditadura comunista é o confisco da propriedade. Os tiranos sabem que cada um de nós cai de joelhos quando perde o lar.”

Trecho do artigo Nosso reino, nosso lar, do filósofo Paulo Ghiraldelli Jr.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Sem perguntas (por um instante, ao menos)

“Circunstancialmente, entre posturas mais urgentes, cada um deve sentar-se num banco, plantar bem um dos pés no chão, curvar a espinha, fincar o cotovelo do braço no joelho, e, depois, na altura do queixo, apoiar a cabeça no dorso da mão, e com olhos amenos assistir ao movimento do sol e das chuvas e dos ventos, e com os mesmos olhos amenos assistir à manipulação misteriosa de outras ferramentas que o tempo habilmente emprega em suas transformações, não questionando jamais sobre seus desígnios insondáveis, sinuosos, como não se questionam nos puros planos das planícies as trilhas tortuosas, debaixo dos cascos, traçadas nos pastos pelos rebanhos.”

Trecho do romance Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar

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