– Se você conversa com Deus…
– Estou rezando.
– E se Deus conversa com você?
– Estou precisando urgentemente de um psiquiatra.
“Costumo dizer por aí que a única surpresa garantida dos dias de hoje é o shuffle da sua lista de músicas. De resto, nos assola a sensação de que as tragédias atuais são a colheita do sempre. (…) . Abra o arquivo, ele agora é digital, está na sua frente, dê uns cliques, aperte os cintos e bem-vindo ao reino da memória: em 19 de outubro de 1992, após os primeiros eventos que foram batizados de ‘arrastões’, eis algumas manchetes dos principais jornais do Rio: ‘Arrastões levam pavor às praias’ (O Dia), ‘Arrastões invadem a orla da Zona Sul’ (Jornal do Brasil), ‘Arrastões aterrorizam as praias da Zona Sul’ (O Globo). No dia seguinte, seguiram manchetes ainda parecidas com as de hoje: ‘Zona Sul vai reagir aos arrastões’ (O Fluminense) ou ‘Zona Sul declara guerra ao arrastão’ (O Dia). Nesse mesmo dia, o Jornal do Brasil publica, por fim, a notícia que nos arremessa no abismo de um tempo imóvel e patético: ‘Moradores culpam as linhas [de ônibus]’. Sim, as mesmas linhas, a mesma massa juvenil sob olhares de condenação por parte dos moradores, nenhuma solução para o transporte público de massa além de ônibus lotados. Aliás, há sim uma solução que muitos esperam há 23 anos: não circular mais na Zona Sul nenhum ônibus vindo da Zona Norte. Muros, grades, câmeras, duras, constrangimentos, violência generalizada. Nada mudou porque não aprendemos nada. O que adiantaram as manchetes? No que colaboraram com o imaginário já classista e divisor do carioca? Pois estamos aqui, no mesmo lugar.”
“Dólar, desce daí! Você vai se machucar!”
“Não coloco defeito em ninguém. Foi Deus quem colocou. Eu só comento.”
“Pelo naipe das atrações, o festival deveria se chamar Rock in Tio.”
“A democracia está ameaçada pelo golpismo. Está acontecendo uma escalada do golpe com apoio da oposição, que não aceitou o resultado das eleições. Não gostar do governo não é causa para impeachment. Isso é um mecanismo raro, a ser usado em caso de crime de responsabilidade imputável direta e dolosamente ao presidente. Ninguém tem nada disso contra a Dilma. Seria muito caro o preço de uma interrupção do mandato. É só olhar a Venezuela. Quem produziu aquele quadro lá foi esse tipo de antagonismo odiento. O país vai viver momentos tensos e graves, vizinhos à violência, por causa desses loucos. Eu próprio estarei na primeira fila dos que sairão às ruas para defender o mandato de Dilma. Muitos brasileiros vão se perfilar. Não é para defender a presidente, é para defender a regra. O impeachment pode ser a catarse de quem está zangado, mas no dia seguinte os problemas serão os mesmos. Só que agora o PT, a CUT e os servidores estarão em pé de guerra com um presidente sem legitimidade. Uma parte das pessoas está nisso de boa fé porque não sabe que quem assume é o vice, Michel Temer, que é do PMDB e amigo íntimo do Eduardo Cunha. Mas tem pessoas de muita má-fé, como Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso. O PSDB está fazendo isso por pura vingança. Em 1999, quando houve a desvalorização violenta do real e a popularidade do presidente foi ao chão, o PT começou com o Fora FHC. O comportamento do Fernando Henrique é constrangedor. Como dizia Brizola, ele está costeando o alambrado do golpe. Qual é a proposta do PSDB? Ficar contra o fator previdenciário e a CPMF, que eles criaram? Contra o ajuste fiscal, que eles introduziram como valor supremo?”
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