Arquivo de janeiro de 2015

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

O que importa mais: o amor ou as provas de amor?

“Data: 09/janeiro
Atividade: Festa Kalaboca Fuleragem
Descrição: Discotecagem brasileira
Entrada: R$ 10 – Promo Casal R$ 15 (mediante beijo na boca na bilheteria)”

Anúncio de uma festa em João Pessoa, na Paraíba
Dica de Jackellyne Oliveira

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Por que confio tanto no futuro?

“adio
vou estudando
adio
vou viajando
vidinha adiada a minha”

Inacabado, poema de Cacaso

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Opor-se às cotas raciais é acreditar que o Coronel Anderson não devia nada ao negro Jourdon?

“Prezado senhor, recebi sua carta e fiquei feliz por saber que o senhor não se esqueceu do velho Jourdon e me quer de volta, prometendo me tratar melhor do que ninguém. Estava preocupado com o senhor. Pensei que os ianques já o tivessem enforcado há bastante tempo por causa dos rebeldes que encontraram escondidos na sua casa. (…) Apesar de o senhor ter atirado em mim duas vezes antes de eu sair daí, não queria que o tivessem machucado e fico feliz em descobrir que ainda está vivo. Seria bom retornar à antiga casa e rever a senhora Mary, a senhorita Martha e o Allen, a Esther, o Green e o Lee. Dê lembranças minhas a todos e diga-lhes que espero que nos encontremos num mundo melhor, se não nos encontrarmos neste. (…)
Gostaria particularmente de saber qual é a boa oportunidade que o senhor me propõe. Estou indo razoavelmente bem em Ohio. Ganho 25 dólares mensais, além de mantimentos e roupas. Possuo uma casa confortável para a Mandy (o pessoal daqui a chama de senhora Anderson), e as crianças – Milly, Jane e Grundy – vão à escola e estão aprendendo muita coisa. O professor diz que Grundy tem vocação para pastor. Eles frequentam a escola dominical, e Mandy e eu estamos indo à igreja regularmente. Nós somos tratados com gentileza. Algumas vezes, ouvimos os outros dizerem: ‘Essas pessoas de cor eram escravas lá no Tennesse’. As crianças ficam sentidas quando escutam isso, mas eu lhes digo que não foi nenhuma desgraça pertencer ao Coronel Anderson. Muitos negros ficariam orgulhosos, como eu ficava, de chamar o senhor de dono. Se o senhor me escrever dizendo qual o salário que me pagará, poderei decidir se será vantajoso retornar.
Quanto à liberdade que o senhor diz que eu posso ter, não faz diferença nenhuma, já que ganhei meus papéis de alforria em 1864 do chefe da polícia militar de Nashville. Mandy diz que tem medo de voltar sem receber alguma prova de que o senhor está mesmo disposto a nos tratar direitinho. Por isso, resolvemos testar a sua sinceridade pedindo-lhe que nos pague pelo tempo que trabalhamos para o senhor. Só assim poderemos esquecer e perdoar as velhas mágoas, e confiar na sua justiça e amizade futuras. Eu lhe servi fielmente por 32 anos, e Mandy por 20 anos. Calculando 25 dólares por mês para mim e 2 dólares por semana para Mandy, o senhor nos deve 11.680 dólares. Some a isso os juros pelo tempo que não ganhamos nossos salários e deduza o que o senhor pagou por nossas roupas, as três visitas que o médico me fez e a extração do dente da Mandy. O resultado do cálculo mostrará o que é justo recebermos. (…) Se o senhor não nos pagar pelos serviços prestados no passado, ficará difícil acreditar em suas promessas para o futuro. Nós confiamos que o bom Criador tenha aberto seus olhos para todo o mal que o senhor e seus pais fizeram a mim e aos meus pais, nos obrigando a trabalhar como animais de carga, sem nenhuma recompensa. Aqui recebo meu salário a cada noite de sábado, mas no Tennessee os negros não recebiam nada, à semelhança dos cavalos e das vacas. Certamente vai chegar o dia do acerto de contas para aqueles que negam ao trabalhador o seu pagamento.”

Trecho de uma carta que Jourdon Anderson enviou a seu ex-proprietário em agosto de 1865, nos Estados Unidos. Analfabeto, o antigo escravo precisou ditar a correspondência

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A ética tem razões que a lei muitas vezes desconhece?

“Não há nenhuma proibição formal, na Suécia, de que políticos sejam donos de jornais ou concessões de rádio e TV. ‘Mas isso simplesmente não acontece aqui. Seria inaceitável’, afirma Kristoffer Talltorp, porta-voz do Ministério da Cultura sueco.”

Trecho de Como a mídia é regulada na Suécia, reportagem de Claudia Wallin

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Por que almejamos tanto realizar nossos sonhos se, realizando-os, acabamos por perdê-los?

“As casas pertencem aos vizinhos
os países, aos estrangeiros
os filhos são das mulheres
que não quiseram filhos
as viagens são daqueles
que nunca deixaram sua aldeia
como as fotografias por direito pertencem
aos que não saíram na fotografia
_ é dos solitários o amor”

Poema de Ana Martins Marques

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Travessia

“Uma vez li que um dos transes mais traumáticos que acomete o ser humano é a passagem da vigília para o sono. É por isso que, na infância, esse momento é repleto de rituais. Canções, histórias, ambientes à meia-luz, a voz da mamãe e do papai. A passagem de um estado para o outro não é imediata, leva um tempo, é como se caíssemos lentamente em outra dimensão – penso como é acertada a expressão em inglês fall asleep. E para que essa queda seja o menos brusca possível, especialistas do sono recomendam apoiar-se nos chamados ‘objetos de transição’. (…)
‘Dormiu?’, pergunta meu namorado, seus olhos exaustos no espelho retrovisor do carro.
‘Quase.’
Quando chegamos ao rio, os olhos de Vicente, nosso filho, começam a se fechar, mas ele não cede. Agarra meu polegar e o aperta.
Eu me aproximo novamente do bebê-conforto.
‘Sabe quem eu sou?’, digo. ‘Sou teu objeto de transição.’
E depois o verso de uma canção quase esquecida: ‘O pouco que eu tenho é teu, minha vida/e se eu tivesse muito, também te daria’. E outra vez, até que ele dorme.”

Trecho de Leite, relato da escritora colombiana Margarita García Robayo

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Recordar é viver?

“Ao perder a lembrança.
grande coisa não se perde.
Nuvens, são sempre brancas.
O mar? Continua verde.”

Trecho de Saudosa Amnésia, poema de Paulo Leminski
Contato | Bio | Blog | Reportagens | Entrevistas | Perfis | Artigos | Minha Primeira Vez | Confessionário | Máscara | Livros

Webmaster: Igor Queiroz