Arquivo de agosto de 2014

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Filhos da imposição

“- Vou ser franca. Sempre achei horrível mandar para o mundo alguém que não tivesse pedido.
– Eu sei, mãe – disse Alain.
– Olhe ao seu redor: de todos que você vê, ninguém está aqui por vontade própria. Claro, o que acabo de dizer é a verdade mais banal de todas as verdades. A tal ponto banal, e a tal ponto essencial, que deixamos de vê-la e de ouvi-la.
Alain continuou seu caminho entre um caminhão e um carro que o apertavam dos dois lados havia alguns minutos.
– Todo mundo fala sem parar sobre os direitos humanos. Que piada! Tua existência não se fundamenta em nenhum direito. Nem mesmo acabar com sua vida por sua própria vontade eles te permitem, esses cavaleiros dos direitos humanos.
A luz vermelha acendeu em cima do cruzamento. Ele parou. os pedestres dos dois lados da rua começaram a caminhar para a calçada em frente.
– Olhe pra todos eles! Olhe! Pelo menos a metade das pessoas que você vê é feia. Isso também faz parte dos direitos humanos, ser feio? E você sabe o que é carregar sua feiura a vida inteira? Sem o menor descanso? Seu sexo também, você não escolheu. Nem a cor dos seus olhos. Nem seu século. Nem seu país. Nem sua mãe. Nada do que conta. Os direitos que um homem pode ter dizem respeito apenas a futilidades pelas quais não existe razão alguma para lutar ou escrever famosas Declarações!
Ele começou a andar e a voz da mãe amansou:
– Você está aí tal como é porque fui fraca. Foi culpa minha. Peço que me desculpe.
Alain calou-se, depois disse com voz calma:
– Do que você se sente culpada? De não ter tido força para impedir meu nascimento? Ou de não ter se reconciliado com minha vida, que, por acaso, não é assim tão ruim?
Depois de um silêncio, ela respondeu:
– Talvez você tenha razão. Sou, portanto, duplamente culpada.”

Trecho de A Festa da Insignificância, romance de Milan Kundera

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Qual a diferença entre o vestido e a batina?

Cartum de Renan César

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Horário eleitoral ou Globo Rural?

“O candidato Paulo Skaf afirmou que Geraldo Alckmin não tem ‘tesão’ para administrar o Estado. Além de o termo ser inadequado, beirando a grosseria, eu, como agrônomo e com experiência em reprodução animal, gostaria de dizer que estamos escolhendo um governante e não um touro reprodutor.”

Carta que o leitor David B. Nascimento enviou para a Folha de S.Paulo

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Jornalismo alfinetativo

Entrevista de Bonnetchy com Dilmona

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A culpa é sempre do governo?

Faixa para uso de bicicletas, instalada pela
prefeitura de São Paulo

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Generalizações nunca resultam em boa literatura?

“Puta merda! Aí o cara escreve assim: ‘um turbilhão de sentimentos’. E desse ‘turbilhão’ – que ele diz que sente -, covardemente não é capaz de confessar um sentimento só. Unzinho sequer. Vejo muita gente abusando desses excessos tsunâmicos. Relatando, à la Roberto Carlos: ‘são muitas alegrias e emoções’. Eu, como leitor, só quero uma pequenininha. Uma alegria miudinha já me basta. Uma emoção que me toque, oh, particularmente. Escrever é sempre ‘particularmente’.”

Do contista Marcelino Freire

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Quais são os sete pecados sociais?

1. Política sem idealismo
2. Riqueza sem trabalho
3. Comércio sem moral
4. Ciência sem humanidade
5. Prazeres sem escrúpulos
6. Conhecimento sem sabedoria
7. Religião sem sacrifício

Inscrição no túmulo de Mahatma Gandhi

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

O Drummond tem cada frase incrível, né?

terça-feira, 19 de agosto de 2014

A consciência do inconsciente

Um dia conseguirei saber tudo o que já sei?

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O Brasil nunca vai se livrar das sinhás e dos sinhôs?

 “Enquanto escrevia (…), meu celular não parava de tocar. Atendi, pois parecia urgente. Era uma mulher nervosa, perguntando seu eu era o síndico do prédio dela.
– Sim, sou o síndico profissional.
– O senhor sabe que o aniversário do filho do zelador será no salão de festas do prédio?
– Sim, eu sei e autorizei.
– Que eu saiba, nosso regulamento proíbe que funcionários utilizem as áreas comuns!
– Poxa, mas ele trabalha no prédio há mais de dez anos e mora nele com sua família. É a sua casa.
– É um absurdo, ele é nosso empregado, não um condômino. Quero que o assunto seja levado para discussão na próxima assembleia.
– Sim, senhora, discutiremos o assunto e solicito a sua presença.
– Aproveitando, quero falar sobre o absurdo que vem ocorrendo na academia: algumas domésticas fazem as aulas e usam os aparelhos.
– Compreendo a sua indignação, mas as domésticas em questão moram no trabalho. Elas podem, assim, utilizar as áreas comuns. É o mesmo critério que utilizamos para um parente que vem morar temporariamente em sua casa.
Ao final da longa e enfadonha conversa, a ilustre senhora pediu sigilo e discrição. Segundo ela, ‘esse pessoal é meio vingativo’.”

Trecho de Casa Grande & Senzala, artigo do advogado Márcio Rachkorsky
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