Arquivo de agosto de 2012

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Pobre de estimação?

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O que sei sobre meu pai?

“O silêncio é o modo
como o marido habita a casa.
Vencida a porta, ao final do dia,
o homem assume porte e posses.
A mesa é onde os seus cotovelos
derramam milenares cansaços.
Nesse cotovelório
vai trocando vida por idade.
Partilha a medonhez dos bichos:
medo do silêncio,
mais pavor ainda das palavras.
Para a mulher,
porém, ele não é senão um menino
no aguardo de um agrado.
Em redor do silêncio
ele rodopia, sem voz, sem cheiro, sem rosto.
Em solidão,
o homem come,
merecedor do que lhe é servido.
Depois,
bebe como se fosse bebido,
tragado pelo vazio dos desertos.”

Trecho de A Coisa, poema de Mia Couto
Dica de Júlia Medeiros

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Kit de sobrevivência

“- Tudo o que precisamos é de um atlas, de um dicionário e da Bíblia.
– Por que você diz isso?
– Porque o que buscamos está em um deles.
– E o que buscamos?
– Um lugar, uma palavra ou um deus.”

Trecho de Jesus Kid, romance de Lourenço Mutarelli 

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Luta de classes no horário nobre

“‘Eu vou te explicar algumas coisas sobre esse quarto que você mal conhece apesar de fazer parte da sua casa. Trata-se de cômodo simples pouco iluminado e pouco arejado. Mas uma patroa do seu tipo deve achar que uma empregada não precisa mais do que isso para sobreviver. Temos TV, que às vezes pega, às vezes não (…). Vem ver o banheiro. O chuveiro é elétrico, mas não temos água quente (…). Porque apesar das promessas a resistência nunca foi trocada. O ralo entope formando uma poça de água que inunda o banheiro inteiro. Cuidado para não escorregar (…). E o cheirinho? Ruim não é? (…) Com o tempo você se acostuma (…). A cama é uma porcaria (…), o estrado quebrado. Não se mexe muito, porque senão você acorda no chão. Alguma dúvida?’
Essa fala-manifesto precede a rendição da vilã e marca a inversão de papéis entre as antagonistas de Avenida Brasil, novela das 21 horas, que faz grande sucesso na Rede Globo. No plano visual, o discurso é ilustrado por um tour perverso, em que Nina-Rita (Débora Falabella), ainda em seu uniforme, apresenta à patroa, a já antológica vilã Carminha (Adriana Esteves), as dependências de empregada de sua mansão no Divino, subúrbio fictício da cidade do Rio de Janeiro. A contundência da vingança é tal que Carminha, ainda que temporariamente, se submete à inversão de papéis: ‘Eu estou rendida. Nas suas mãos. Vou obedecer a todas as suas loucuras.’ (…)
Qual é o segredo que traz uma novela de novo à atenção nacional, composta de espectadores de várias gerações, moradores de diversas regiões do país e do exterior (onde é possível assinar um canal Globosat)? Não há uma resposta única para a pergunta. Se houvesse, ela valeria ouro. Mas a fala no início deste texto é emblemática de uma característica marcante de Avenida Brasil: os diálogos afiados captam e explicitam de maneira curta e grossa conflitos em um país em geral avesso ao confronto aberto.”

Trecho de A vingança da empregadinha, artigo de Esther Hamburguer

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Os mutantes

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