“Porque esqueceu de secar os pneus.”
“Porque esqueceu de secar os pneus.”
O texto que começasse com uma vírgula teria antes de si o universo inteiro.
Tudo bem se os mortos voltarem a caminhar, desde que não usem sandálias Crocs.
“Devo muito
aos que não amo.
O alívio de aceitar
que sejam mais próximos de outrem.
A alegria de não ser eu
o lobo de suas ovelhas.
A paz que tenho com eles
e a liberdade com eles,
isso o amor não pode dar
nem consegue tirar.
Não espero por eles
andando da janela à porta.
Paciente,
quase como um relógio de sol,
entendo o que o amor não entende,
perdoo
o que o amor nunca perdoaria.”
“Sabe aquela sensação de quando você olha alguém ao longe, esperando o metrô, por exemplo, e reconhece uma pessoa vagamente conhecida? Pode ser um vizinho com quem mal troca oi, mas ali, na multidão, a visão dele ganha um sentido. Você sorri, ele vai sorrir de volta, vocês trocam um olhar solidário, que coincidência, esperando o metrô ali, tão longe de casa. Não é preciso dizer nada. Houve um momento, súbita cumplicidade, e dali a pouco vocês vão desaparecer e cada um cuidar da sua vida.”
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