“Darcy começou a falar, engraçada, pitorescamente. Curioso alguém se interessar em como ele havia vencido o câncer. Despejou tudo de uma vez, quase tudo. Ou: o trânsito ridículo de médicos estrangeiros que lhe escondiam a doença, dizendo tuberculose. Ridículos, principalmente em Paris, onde ele exigia ver e ouvir os resultados de todos os exames. (…) Então revelou, sem modéstia. Não acreditava em suas habilidades literárias a ponto de produzir algo útil ou de exemplaridade sobre o capítulo do câncer, provavelmente o mais cavernoso (uma caverna no peito) de sua vida.
– Mas se o senhor escrevesse como fala…
As pessoas não escrevem como falam. Comportam-se, disciplinam-se, empostam-se. Há imposturas, a naturalidade vai embora, ninguém perde a chance de parecer inteligente, espirituoso, um homem que, de certo, está acima dos outros.”