Sim, mas apenas nos próximos dias 26, 27 e 28 de abril (segunda, terça e quarta-feiras). O motivo: ajustes técnicos. Espero que, na quinta, dia 29, os leitores estejam todos de volta. Muito obrigado pela compreensão.
“Um passarinho cantou tão triste
tão sozinho
um outro respondeu espere já vou
aí já vou aí já vou aí”
Manhã Profunda, poema de Cacaso
“Não sou eu quem dá coices ferradurados no ar.
É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto.
É ela !!!
Todo mundo sabe, sou uma lisa flor de pessoa,
Sem espinho de roseira nem áspera lixa de folha de figueira.
Esta amante da balbúrdia cavalga encostada ao meu sóbrio ombro
Vixe!!!
Enquanto caminho a pé, pedestre – peregrino atônito até a morte.
Sem motivo nenhum de pranto ou angústia rouca ou desalento:
Não sou eu quem dá coices ferradurados no ar.
É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto
E se apossou do estojo de minha figura e dela expeliu o estofo.
Quem corre desabrida
Sem ceder a concha do ouvido
A ninguém que dela discorde
É esta
Selvagem sombra acavalada que faz versos como quem morde.”
Amante da Algazarra, poema de Waly Salomão
“Hoje, para várias mulheres, tornar-se objeto não é redução, mas aumento, de poder. É o que leva algumas ao Big Brother Brasil. Nos anos 90, a revista Playboy colhia suas capas nas novelas da Globo. Agora, seu maior estoque é o BBB. Há décadas, a mulher que posava para calendários de borracharia saía mal na reputação. Mas, atualmente, na mídia, é ela, como objeto de desejo, que controla o sujeito desejante. O jogo ficou mais complexo. O sujeito não manda, necessariamente, no objeto. Há mulheres que extraem poder de uma condição de objeto habilmente constituída. Madonna explicitou isso com seus clipes, com seu livro Sex. O problema é que essa não é uma verdade universal nem majoritária. A mulher atacada sexualmente na rua não controla nada, não tem poder, é vítima de uma violência inadmissível. Mas um número menor de mulheres _que consegue ser protagonista do que [o filósofo] Walter Benjamin chamava a reprodução mecânica e que hoje chamaríamos a imagem na mídia_ ganha dinheiro, fama, poder com isso. O problema é que há mais estupros do que capas de Playboy, de modo que o poder e a riqueza de algumas não apagam o abuso sobre muitas.”
Trecho do artigo A devassa da devassa, de Renato Janine Ribeiro
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