Só existem para aqueles que não conseguem distinguir as diferentes nuanças de uma cor?
Só existem para aqueles que não conseguem distinguir as diferentes nuanças de uma cor?
E de repente os olhos dela adormeceram sem mim.
“Aqui é lugar de fazer necessidades e não ver revista de putaria, entendeu? Se eu pegar o cabrunco que fica aqui dentro com semvergonhice vou cortar o pinto na prensa. Conto com todos. Assinado: Gervásio”

O bilionário inglês Bernie Ecclestone, que detém os direitos comerciais da Fórmula 1, sofreu um assalto em Londres há poucas semanas. Depois de agredi-lo no rosto, os ladrões lhe roubaram um relógio suíço e outras joias. Estima-se que, juntos, os objetos valem cerca de R$ 540 mil. Agarrando-se a um senso de oportunidade tão afiado quanto o de Geisy Arruda, o fabricante do relógio lançou ontem uma campanha publicitária que explora o assalto. “Veja o que as pessoas fazem por um Hublot”, declara Ecclestone no anúncio. As madeixas prateadas do britânico, convém notar, combinaram divinamente com o tom arroxeado de seu olho direito.
Cabelo ruim? É como bandido: ou está preso, ou está armado.
“Mansão e imóvel de luxo não são termos adequados para descrever as casas dos traficantes no Complexo do Alemão. O que define uma mansão? É o espaço? A localização? O valor de mercado? Sob nenhum desses critérios aquelas casas podem ser consideradas ‘de luxo’. Não entendo a surpresa das pessoas com as banheiras de hidromassagem, as piscinas, as TVs, o quadro do artista pop juvenil [Justin Bieber] na parede encontrados ali. Ora, são os valores da nossa sociedade, do capitalismo, que os tornam objetos de desejo. Os traficantes são socializados nessa cultura do consumo, como todos nós. A opção pelo tráfico também se dá pelo status (ser temido, reconhecido e assim por diante), mas se dá primordialmente pela possibilidade de ter bens de consumo. Então por que a surpresa? As pessoas, em particular a classe média da zona sul e da Barra, ficam incomodadas com a pouca nitidez da diferença entre ‘nós’ e ‘eles’, com o compartilhamento do imaginário de consumo. Entrar no mundo opaco da favela e encontrar um espelho das suas aspirações parece desestabilizar a certeza tão consolidada e cultivada de que os traficantes em particular e os moradores de favelas em geral são ‘os outros’.”
“Quando cheguei ao bar e a vi, rodeada de rostos conhecidos; quando sentei, sorrindo, depois de dar oi a todos e falando alguma dessas bobagens que a gente fala ao chegar, e os outros riem, e nos sentimos acolhidos na turma de cinco amigos em meio a 18 milhões de desconhecidos; não percebi o que estava para acontecer. Achei-a bonita, ponto. E pensei _no momento em que puxava a cadeira para me sentar: quem é essa moça que eu não conheço, em meio aos outros que conheço tanto?”
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