Água que passarinho não fuma.
Água que passarinho não fuma.
“- Cada coisa que surge para eu fazer, explicou Vavá Major, eu examino e faço duas perguntas. Dá labuta? Dá aporrinhação? Deu labuta ou deu aporrinhação, não é comigo. Quem quiser que vá labutar e se aporrinhar, eu não.
– Mas, Major, me disseram que você não topa nem jogar dominó.
– Dá aporrinhação! Você quer mais aporrinhação do que esses jogadores que ficam contando lorota depois que ganharam na sorte? E perder também aporrinha, estou fora.”
– Bonita? Era mais que bonita!
– Linda, fulgurante, hipnótica?
– Mais, muito mais. Era tão maravilhosa que, diante dela, “esplendor” soava como uma palavra rude.
“- Não quero.
– Hã?
– Já disse que não quero.
– O quê?
– Chocolate.
– Chocolate?
– Você quer me vender chocolate, não é?
– Que chocolate, minha senhora?!!
– Bala-chiclete?
– Não, porra!
– O senhor é Hare Krishna, não é?
– Hã?
– Da Igreja Amanhecer em Cristo, essas coisas?
– Não!
– É cego?
– Cego?
– Tá com uma ferida e quer comprar remédio?
– Chega, caralho!
– O quê?
– Isso é um assalto, não tá vendo? (…)
– E por que você não faz alguma coisa?
– Eu?
– Chama a polícia?
– Essa velha é doida!
– Quem é doida?
– Chapadona! Passa logo a bolsa.
– Não falei?
– O dinheiro, minha senhora.
– Não quero.
– Hã?
– Já disse que não quero.
– O quê?
– Chocolate.”
“Acho patéticos os ficcionistas que continuam claros no século 21, aqueles que fazem romances límpidos. São artistas vulgares. Pessoas ignorantes. A limpidez ficcional, no mundo contemporâneo, revela personalidades muito simplórias.”
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