Sibéria à americana

“Mark Zuckerberg gosta de manter a sala de conferências do Facebook em congelantes 15ºC. Eis algo que consegue me deixar irritada. Esse único fato é um sinal da maneira como trabalhamos hoje. Ele nos diz coisas sobre os jovens magnatas do Vale do Silício, homens, mulheres, produtividade e a falta dela. Mas, acima de tudo, levanta a questão: qual é a temperatura certa para trabalhar? (…)
Ao baixar a temperatura do escritório, Zuckerberg está exibindo a última novidade da moda administrativa que vem de São Francisco: o que eu chamo de dogmatismo pontocom. Ele só fica atrás de Marissa Mayer, do Yahoo – que recentemente disse aos funcionários que eles deveriam parar de vagabundear nas lojas da Starbucks e frequentar mais os escritórios do Yahoo. É como se essas companhias, tendo passado anos competindo para ser grandes amigas dos funcionários, finalmente percebessem que ‘relaxar’ não funciona – pelo menos metaforicamente. Então, elas foram para o outro extremo. Ou seja: o lugar de vocês é no escritório. E assim que os profissionais foram para lá, as empresas passaram a congelá-los. Ao optar por uma sala de reuniões com temperatura ártica, Zuckerberg está mostrando sua face ditatorial não só para os funcionários, mas também para os convidados do Facebook. A equipe de casa já está alertada de antemão e assim pode se proteger com blusas, enquanto os convidados ficam tremendo e em desvantagem. Testemunhei essa técnica há uma década, no escritório do falecido Lord Weinstock, presidente da GEC. Ele costumava deixar os visitantes em uma escuridão quase total, enquanto tinha um foco de luz sobre sua mesa.
O frio também tem implicações na batalha entre os sexos. As mulheres sentem mais frio que os homens, uma vez que uma porcentagem maior de seu sangue é usada para proteger seus órgãos – uma diferença biológica que mostra que homens e mulheres nunca foram feitos para compartilhar escritórios, quanto mais a cama. Aos 15°C, Zuckerberg se coloca em uma vantagem clara em relação às executivas do Facebook.”

Trecho do artigo O escritório do Facebook não é nada cool para as mulheres, de Lucy Kellaway

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