Por que os marqueteiros de Dilma não prestam mais atenção em Haddad?

“Ao contrário do que querem fazer parecer os candidatos concorrentes, há, sim, muita diferença nos projetos políticos de PT e PSDB. Não se trata apenas de ‘manter o Bolsa Família’. Trata-se de pensar políticas voltadas para a inclusão daqueles que não são ‘naturalmente’ incluídos pelo tal mercado livre. Trata-se de colocar o público antes do privado, mesmo que, para isso, alguns velhos beneficiários do privado sejam prejudicados (vide a celeuma ‘corredores de ônibus e ciclovias x carros particulares’ em São Paulo). Trata-se de proteger minorias da tirania da maioria (direitos LGBT, de mulheres, de populações tradicionais). Trata-se de separar religião e Estado. Trata-se de pensar em questões como aborto e drogas em termos de saúde pública e não em termos moralistas. Trata-se de pensar a segurança pública em termos de como incluir os excluídos e não em termos de estratégias para excluí-los ainda mais, aniquilando-os com polícias assassinas e prisões tenebrosas. Trata-se de abrir embaixadas na África e não de fechá-las. Trata-se de dar as mãos a nossos hermanos da América Latina e não aos Estados Unidos. São essas as plataformas que o PT deveria estar defendendo, sem vergonha e sem medo. Os conservadores e o empresariado sempre vão preferir o PSDB ao PT. De certa forma, o PT beneficiou-se da autofagia do PSDB nacional nos últimos anos, mas agora a coisa mudou de figura. PT: olhe para a esquerda! Olhe para dentro, poxa! Mire-se no exemplo do Haddad em nossa esquizofrênica São Paulo, ilha de progressismo no Tucanistão.”

De Maria Abramo Caldeira Brant, mestre em direitos humanos e sócia-fundadora do Incide (Instituto de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento)

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