Por que continuo morando sozinho?

“Quando ela vem a cama fica cheia
de pernas e braços e cabelos longos e castanhos
dobrando a densidade populacional do meu colchão solteiro
Quando ela vem o travesseiro é dividido
e sonho é privilégio de olhos despertos no escuro
de curvas percorridas pelas mãos
de sopros sonolentamente sussurrados lábio a lábio
de pele provocada
arrepio
reflexo
susto muscular
provocando pressa
no lençol em fuga
já inútil
no chão
Quando ela vem o dia seguinte é modorrento
e há violões  tocantes por todos os cantos
e um arco-íris pipocando em cada gota de sabão-em-bolha que as crianças sopram das sacadas
e as ruas sem saída e recendendo a jasmim
e os relógios como velhos bêbados de um bar de esquina
a girar sem rumo e por obrigação”

Casas Separadas, poema de Diego Grando

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