Ocê me dê licença de roubar a noiva?

“O sociólogo José César Gnaccarini fez, há alguns anos, na região de Piracicaba, interessantíssima pesquisa sobre o casamento por rapto. Com o empobrecimento da população rural e o aparecimento do chamado boia-fria, tornou-se economicamente impossível a festa caipira de casamento, com muita comida, leitoa assada, bebida, violeiros. Casamento sem festa seria o mesmo que expor publicamente a humilhação e a vergonha da pobreza. Difundiu-se, então, o rapto simulado da moça solteira, tudo combinado de antemão entre as famílias, especialmente entre o noivo e o pai da noiva. Altas horas da noite, era a moça tirada de casa e levada para a casa de parentes do noivo para que sua honra ficasse devidamente resguardada. Espalhada a voz de que o rapto ocorrera, não restava aos apaixonados senão a alternativa de ‘casar na polícia’, com a dupla vantagem de ser casamento gratuito e sem convidados. Nesses casos, para contornar a vergonha, as famílias envolvidas estavam dispensadas das devidas festanças e despesas.”

Trecho do artigo A família brasileira se reinventa, de José de Souza Martins

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