O outro vil metal

“Foi de dor o dia em que Diesel
concebeu o motor sombrio
que te deu vida, invenção vil,
ainda mais execrável e cruel
do que a câmera, monstro de metal,
credo e crise da nossa Cultura,
cruz da nossa Comunidade.
Como a lei ousa proibir
o haxixe e a heroína
e permite o seu uso, que infla
egos murchos e miúdos?
O vício só faz mal
aos viciados, e você envenena
o pulmão de inocentes,
seus urros arrasam gente mansa,
em ruas arruinadas centenas
morrem ao acaso dia a dia.
Inventores, vocês deveriam
se enforcar de vergonha.
O seu engenho fez prodígios,
fez os homens irem à Lua,
fez computadores trabalhar,
fez bombas ‘inteligentes’.
É um escândalo lento
que vocês não tenham tempo,
que sequer tenham sonhado
o que todo ser são sabe ser o certo:
uma silenciosa, sem cheiro
e suave charrete elétrica.”

Uma Praga, poema de W. H. Auden
Traduzido por Mario Sergio Conti

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