Está (quase) todo mundo louco

“Delírio é uma convicção inquestionável, incorrigível e muito pouco plausível. Além disso, um delírio não é apenas um exercício de fantasia, ele preenche a função (crucial) de dar sentido à existência do indivíduo que delira. São poucas as pessoas saudáveis a ponto de conseguir viver sem se atormentar com a necessidade de resolver, como se diz, o enigma da vida. Ou seja, são poucas as pessoas para quem a experiência concreta se justifica por si só, pela alegria de viver. A maioria precisa recorrer a crenças que digam por que e para o que estamos aqui. Ora, as crenças que explicam nossa razão de estar no mundo são todas inverossímeis. Claro, a ‘missão’ de Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, o canibal do agreste, preso recentemente, nos parece mais estranha do que a crença de um cristão, mas isso pouco tem a ver com a verossimilhança. Como dizer o que é mais provável, que o filho de Deus tenha sido crucificado para nos redimir ou que Deus nos encoraje a redimir os pecadores comendo-os e filtrando-os pela nossa digestão? No fundo, a grande diferença é que as ideias de Jorge são só dele e de suas duas cúmplices, enquanto as ideias de um cristão são compartilhadas por 2 bilhões de pessoas.”

Trecho de Delírio e mau caráter, artigo de Contardo Calligaris

Nenhum Comentário para “Está (quase) todo mundo louco”

  1. Sandro Soares disse:

    tú é palhaço não entende nada de religião.
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