Descontrole de natalidade

Miguel: Oi, Tereza, tudo bem?
Tereza (sentando): Tudo. O que que você queria falar comigo de tão importante?
Miguel: Quer tomar alguma coisa?
Tereza: Não, eu preciso voltar pro trabalho.
Miguel: Bom, não sei se você se lembra, mas faz uns três anos que a gente transou.
Tereza: Que que tem?
Miguel: Eu acho que chegou a hora de te falar. Você é mãe, Tereza.
Tereza: Como assim?
Miguel: Eu adotei um filho no dia seguinte da nossa noite.
Tereza: Quê?
Miguel: Eu acho que você tem o direito de saber.
Tereza: Pera aí, mas quem adotou o filho foi você.
Miguel: Adotei no nosso nome, Tereza. Aquela noite foi muito especial.
Tereza: Você tá maluco?
Miguel: Ele se chama Afonso, igual seu pai. Achei que você ia gostar.
Tereza: C…, Miguel! Esse filho não é meu.
Miguel: Agora é fácil falar.
Tereza: Foi você que adotou.
Miguel: A gente não usou camisinha, Tereza.
Tereza: F…-se. Eu uso pílula.
Miguel: Parece que não é 100%, né?”

Trecho de Filho, crônica de Fábio Porchat

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