De Normas, vocês sabem, o inferno está cheio

“Aos 18 anos, pensei ter atingido a sabedoria.
Era baixinha, tinha sardas e tirei-lhe o cabaço na primeira oportunidade.
Não ficou por isso.
A lei falou mais forte. E tive que me casar, prematuro como uma ejaculação precoce.
Nem tudo foram rosas, no princípio.
Nos pulsos ainda me ardem as cicatrizes de três mal sucedidas tentativas de suicídio.
Mas eu não posso ver sangue. Sobretudo, quando meu.
Assim decidi continuar vivo.
Principalmente porque o mundo estava cheio delas.
De Marlenes. De Ivones. De Déboras. De Luísas. De Sônias. De Olgas. De Sandras. De Edites. De Kátias. De Rosas. De Evas. De Anas. De Mônicas. De  Helenas. De Rutes. De Raquéis. De Albertos. De Carlos. De Júniors, De… (ihh, acho que acabo de cometer um ato falho). De Joanas. De Veras. De Normas.
De Norma, me lembro bem.
Como esquecer com quantas bocas se faz uma daquelas?”

Fragmento de Agora É que São Elas, romance de Paulo Leminski
O título do post deriva de outro trecho do livro 

Deixe um comentário

Contato | Bio | Blog | Reportagens | Entrevistas | Perfis | Artigos | Minha Primeira Vez | Confessionário | Máscara | Livros

Webmaster: Igor Queiroz